Dia de Assembleia

Acredito que todo síndico sofre um pouco na época da assembleia. Não que haja algo de errado, mas é o dia em que todos, bom... pelo menos deveria ser todos, se reúnem para decidir os rumos do condomínio.
10 de março 2020 | Atualizado em 12 de julho 2024

Acredito que todo síndico sofre um pouco na época da assembleia. Não que haja algo de errado, mas é o dia em que todos, bom... pelo menos deveria ser todos, se reúnem para decidir os rumos do condomínio.

Eu sentei com a Administradora, repassamos todas as prestações de contas, teve aquele valor de imposto que não foi recolhido no ano anterior e caiu de paraquedas nas despesas deste ano, teve o sistema de arrefecimento do gerador que deu problema e não estava previsto, enfim, coisas que caem no colo do síndico ao longo do ano e temos que resolver de imediato, sem tempo para organizar assembleias extraordinárias. Então, como diz meu amigo “matamos no peito”. O caso é que muitas vezes assumimos riscos e o maior risco passa a ser na assembleia. Sempre tem aqueles que gostam de mostrar como são entendidos e fazem umas perguntas óbvias.

Como eu ia dizendo, montamos toda a apresentação depois de repassar os números. Fiz toda a previsão orçamentária, cheguei até a anexar fotos de algumas aquisições que foram feitas. Tudo bem organizado.

No dia, contratei data show, coloquei até uns biscoitinhos, cafezinho e umas flores na mesa em que recepcionava os condôminos e colhia as assinaturas na lista de presença. Lindo.

Depois de passarmos todos os itens que estavam na pauta do dia, chegamos ao assustador “assuntos gerais”. Eis que a nova esposa do Nestor do 703, levantou a mão e pediu a palavra. Ele do lado dela, orgulhoso da figura emperequetada a quem olhava apaixonado. Ela fez aquele som de quem coça a garganta e lascou:

- Precisamos proibir que as pessoas fumem aqui no condomínio, pois não posso sequer abrir a janela que já vem o cheiro de fumaça do andar de baixo.

         Alguns arregalaram o olho e exclamaram que dentro do apartamento cada um faz o que quer, outros apoiaram e já estavam três ou quatro falando ao mesmo tempo.

- Então tem que proibir que façam tanto “barulho” no quarto de cima, pois é toda noite gritos e gemidos que ultrapassam a linha do bom senso – Dona Lurdes estava vermelha, não sei se pelo assunto que levantou ou se por raiva de reclamarem do seu cigarro.

- Isso mesmo, esse condomínio é um lugar familiar – falou outro.

         Fiz sinal para o presidente da mesa que acabou agradecendo a presença de todos e garantindo que tudo o que foi dito estava registrado em ata e deu a assembleia por encerrada.

Entre risadas, opiniões, críticas e piadas, a assembleia teve que terminar meio às pressas pois um assunto polêmico levou a outro e a outro e logo aquela reunião tinha se tornado uma grande lavanderia pública.

Martinha Silva é escritora, graduada em Administração, especialista em Gestão de Pessoas e gestora condominial em Itajaí.

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