Valores humanos, como entender

O estilo de liderança influencia diretamente na forma de agir de cada um de nossos condôminos, funcionários, visitantes.
Liderança é algo que nos parece novo, no entanto, já na década de 1940 surgiu a escola comportamentalista ou Bechaviorista que passa a se preocupar com as ciências do comportamento e abandonar posições normativas e prescritivas de teorias anteriores. Pessoas continuaram sendo o foco de estudo dentro de uma perspectiva mais ampla.
Todos sabemos que em empresas/condomínios, o comportamento organizacional é ditado pelo comportamento dos indivíduos que compõe este quadro. Importante compreender o comportamento individual, levando em condições: valores, atitudes, percepção e aprendizagem.
Conforme já tratamos em outra abordagem, importante conhecer ao máximo as pessoas com quem convivemos e com quem vamos dividir a responsabilidade de fazer com que a convivência num condomínio ocorra da melhor forma possível. Afinal, síndico não é superior a ninguém e sim, um gestor ali colocado para organizar, colocar em prática as diretrizes definidas pela comunidade que representa, diferente de uma empresa onde o gestor tem a caneta, pode demitir, admitir, definir metas, etc.
Num condomínios, assim como ocorrem em empresas, pessoas tem seus valores que precisam ser respeitados. Estes valores variam de pessoa para pessoa e precisamos entender o jeito de ser de cada um, uma tarefa nada fácil, mas na medida que conseguimos entender melhor o perfil de cada um, fica mais fácil entender a forma de agir dos mesmos.
Em se tratando de valores, temos dois conjuntos a serem observados, o valor terminal que é constituído por objetivos almejados pelo ser humano para ser atingido durante sua existência e o valor instrumental que o ser humano adotará como meio para alcançar estes objetivos.
O gestor/síndico, pode até buscar determinar o seu jeito de ser deixando de lado o entendimento dos valores de cada um, mas certamente vai sofrer as consequências como alguém invasivo e, como consequência, poderá perder o direito de representar esta comunidade. Eleições de síndico ocorrem no mínimo há cada dois anos.
Entre os valores terminais (objetivos almejados), podemos citar entre os principais: vida confortável, um ambiente de paz, segurança familiar, liberdade, harmonia interior, amizade verdadeira entre tantos outros que poderíamos citar.
Por outro lado, temos o valor instrumental, ou seja, o que fazer para atingir os valores terminais. Assim faremos um comentário sobre os principais valores conforme segue:
- Para atingirmos uma vida confortável (terminal), precisamos da dedicação de cada um no sentido de colaborar com a nossa gestão (instrumental). Nem todos os condôminos estarão do nosso lado, mas até estes precisam ser entendidos para não se tornarem influenciadores no momento de uma reeleição;
- Para que tenhamos um ambiente de paz (terminal), precisamos da disposição de espírito, contentamento, alegria, algo que o gestor pode proporcionar unindo as pessoas usando ferramentas de forma inteligente sem ser invasivo (instrumental). Uma das formas é procurar demonstrar o que efetivamente vem fazendo pelo condomínio, valorizar seus feitos enviando fotos, relatórios de resultado mensal, aceitar críticas e usá-las em seu favor. Preferível uma crítica do que um dossiê bem elaborado que venha a derrubar um síndico no momento da reeleição. Condômino quer paz e segurança;
- A segurança familiar (terminal), ter o cuidado com seus entes queridos e com a própria vida, depende da prestatividade de cada um, buscar trabalhar pelo bem-estar dos outros (instrumental) e aí o síndico/gestor tem uma grande interferência mediando conflitos, fazendo com que cada um entenda que dentro do ambiente em que convive é preciso compartilhar conhecimentos, sugestões de melhorias, assimilar críticas, obter feedback, entre outras formas de interagir. Algo que pode ser um pequeno problema para o síndico, pode ser um grande incômodo para o condômino. Auxilie, intermedie;
- Liberdade, ter a independência da liberdade de escolha (terminal), precisamos contar com a honestidade, sinceridade, ser verdadeiro por parte de cada um (instrumental). Dentro de um condomínio/ambiente de trabalho, buscamos ter liberdade de agir e o temos dentro de nossos espaços privativos, mas precisamos entender que ao adentrarmos áreas comuns, por vezes nossa liberdade fica limitada a normas e procedimentos definidas por uma convenção ou por um regimento interno.
Esta compreensão é fundamental tanto por parte dos condôminos quanto por parte do gestor/síndico. Quantos síndicos já tiveram por parte de seus funcionários de portaria um questionamento alegando que moradores exigem o melhor deles como funcionários mas não respeitam as próprias leis e normas.
O gestor/síndico tem de ter o discernimento de saber lidar com esses questionamentos, afinal, por vezes depende da forma de agir deste funcionário para que segurança e liberdade ocorram de forma mais agradável. Principalmente aqueles condomínios que tem um quadro de funcionário muito antigo que confundem local de trabalho com ambiente onde tudo podem fazer. Funcionário deve ser visto como funcionário.
Orientar para que o funcionário seja apenas um orientador e jamais um mandatário. Cabe a ele orientar e manter o síndico informado sobre inconformidades. Funcionário deve ser respeitado, mas tem seus limites;
- Harmonia interior (terminal), prezar pela ausência do conflito interior. Uma lógica, coerência e racionalidade (instrumental). A cultura organizacional difere de uma pessoa para outra. Por vezes, uma crítica ou uma menção que seja, nem deva ser compartilhada num grupo, afinal, cada um tem seu jeito de ser e pensar e desta forma gerar um conflito desnecessário. Ser coerente e racional ao colocar um problema ou um conflito ora existente. Buscar a imparcialidade na solução dos conflitos, sem necessariamente deixar que as pessoas se entendam sem a sua interferência. A gestão tem como função saber gerenciar conflito. Muito cuidado com a afirmação que os problemas de vizinhos é um problema deles e o síndico nada tem a ver. Não interfira, apenas gerencie se for solicitado o seu gerenciamento;
- Amizade verdadeira (terminal), forte companheirismo. Responsabilidade, compromisso, confiabilidade (instrumental). Esse é um tema que pode gerar comentários, os mais diversos possíveis e se prolongar com uma exposição bastante minuciosa. Mas um dos maiores valores da gestão/sindicância é demonstrar a seus comandados/companheiros que existe o interesse em gerar conforto e segurança com responsabilidade.
Demonstrar companheirismo nos momentos de dificuldade de cada um, ser transparente e confiável enquanto administrador do patrimônio. A liderança junto às pessoas se adquire na medida em que se é visto como alguém confiável, companheiro e responsável. Preste contas de forma exaustiva.
Podemos fazer com que as pessoas se ajustem a um novo estilo de vida de acordo com a sociedade com que elas convivem (nossos condomínios), mas jamais devemos tentar fazer com que estas abram mão dos seus valores.
Enfim, os valores humanos são os fundamentos éticos e espirituais que constituem a consciência humana. São eles que tornam a vida algo digno de ser vivido, pois definem os princípios e propósitos de cada um.
Gilberto Batista Perassa é sindico com formação em Economia, Processos Gerenciais, cursos avançados diversos pela Franklin Cowey (SP) e formação em Síndico Profissional pela Gabor RH. Atua em Workshops junto a FCDL sobre Organização Financeira e Liderança e micro empresário na área de treinamentos.
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