Preste atenção nos sinais!

Pode parecer mentira, mas eu havia discutido a pauta desta coluna com a nossa editora dias antes de eu sofrer um infarto, que ocorreu no dia 5 de junho. Exatamente uma semana antes, eu encaminhei para ela o seguinte argumento pelo WhatsApp:
“Uma das poucas vantagens de se exercer a função de síndico é poder planejar seus horários, como também o volume de clientes que se quer atender, para se ter uma boa qualidade de vida. No entanto, quando a ‘mosquinha’ do empreendedorismo morde o colega de sindicatura e apresenta oportunidades de prosperidade financeira, este muitas vezes se vê seduzido pela evolução da carreira, tornando-se workaholic e sacrificando momentos em família, saúde física e mental e paz de espírito. É inegável que é possível prosperar no exercício da sindicatura, mas também não podemos negar que essa evolução, quando mal planejada, cobra um preço bem caro.”
Meu objetivo, ao propor e querer desenvolver o tema, nasceu da observação da atuação de vários colegas, que no anseio de prosperar explorando a atividade de síndico de maneira profissional, formam uma carteira de clientes que compromete sua qualidade de vida, como também a sua excelência no exercício da sindicatura. Ainda bem que Deus quis que, antes da publicação destas linhas, eu me incluísse nesse perfil de negligentes de um planejamento de qualidade de vida no exercício da atividade em que escolhi atuar.
O lado positivo dessa história – e há muita integridade no que eu vou falar – é que posso testemunhar que a imersão nas profundezas da dedicação ao trabalho são nocivas quando negligenciamos outras prioridades. O lado não tão admirável dessa história é que eu estou no patamar dos conscientes incompetentes, ou seja, sei que me encontro nessa situação, mas ainda não desenvolvi nenhuma habilidade para enfrentá-la.
Passei seis dias no Instituto de Cardiologia, onde quatro deles foram na UTI, e confesso que senti falta de muitas coisas que me estavam sendo privadas, como esposa, filhos, parentes e amigos. E também senti falta do trabalho. A saudade do primeiro grupo já consegui apaziguar, mas o anseio de criar e realizar os projetos que tanto amo, como aqueles que estou desenvolvendo e que ficaram parados, está me agoniando.
É certo que as realizações profissionais são importantes e muitas vezes nem estão ligadas aos resultados financeiros. A soma dos projetos que realizo são mais importantes para mim do que o retorno financeiro que eles proporcionam. E acredito que para alguns colegas a quantidade de condomínios na carteira também seja mais importante que a soma dos honorários. O problema é que ambas as métricas, por mais que sejam íntegras, estão em um patamar errado de prioridade nas nossas vidas.
Ouvimos com frequência que: “Não devemos sacrificar a saúde para conquistar dinheiro, para depois usar o dinheiro conquistado para recuperar a saúde”. Imaginem o quanto somos imprudentes ao sacrificar todas as prioridades legítimas da vida quando colocamos acima de todas elas, o prazer pelo trabalho.
Para finalizar, gostaria de esclarecer que não estou dizendo que não devemos pensar em prosperar, seja ao explorar a atividade da função de síndico de forma profissional, ou qualquer outra atividade que buscamos exercer com excelência. A proposta deste texto desde o início é lembrar que é possível evoluir significativamente no exercício da sindicatura profissional priorizando uma evolução na qualidade de vida.
Como fazê-lo? Isso acho que vamos descobrir juntos, mas se eu posso deixar um conselho depois disso tudo é: Não seja negligente com os sinais! Família, saúde e paz de espírito costumam emitir alertas.
Rogério de Freitas é graduado em Administração de Empresas, pós-graduado em Marketing e Gestão Empresarial e síndico profissional.
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