VULNERABILIDADE

Segurança em condomínios vai muito além da portaria dos prédios

Assaltante escala paredes e invade apartamento no quarto andar de um edifício.
02 de maio 2016 | Atualizado em 12 de julho 2024

 

Assaltante escala paredes e invade apartamento no quarto andar de um edifício.

Duas modalidades de assalto praticadas em condomínios de Florianópolis e São José, em um intervalo de 10 meses, vêm assustando síndicos e moradores por razões diferentes. Em uma delas, a discrição e bom trato são as marcas dos bandidos, que se disfarçam de pessoas interessadas em comprar imóveis para, com o aval de porteiros e vigilantes, arrombar portas e cometer furtos dentro de apartamentos. Três casos com essas características foram registrados em maio de 2015 – um no Itacorubi, um no Centro de Florianópolis e outro em Campinas, São José. 

Já no final de março deste ano, a ousadia de um criminoso chamou a atenção da síndica Janete Krambeck e de moradores do condomínio Luiza Napoli, no Itacorubi. Era madrugada de 24 de março, por volta de 5h20, e as câmeras de vigilância do edifício registraram um homem entrando no terreno do prédio e escalando as paredes para invadir os apartamentos. Ele subia e em cada andar tentava cortar a tela de proteção dos imóveis, porém, como as sacadas estavam fechadas, seguia avançando parede acima. O criminoso, que não chegou a ser preso, invadiu dois apartamentos, um deles pela janela da lavanderia. O assaltante levou dinheiro e celulares, e fugiu pelo portão do prédio depois de descer pela parede.

Apesar de distintas, as duas práticas mostram que além da atenção na portaria e na vigilância cotidiana, é preciso observar e analisar individualmente as estruturas físicas de cada condomínio quando o assunto é segurança.

As diferenças entre cada edificação podem estar nos pontos de vulnerabilidade do entorno dos prédios, como muros altos na vizinhança, árvores e facilidade de acesso por construções vizinhas, algo comum em bairros como o Itacorubi, a Agronômica e a Trindade, por exemplo, onde a construção civil ergue novos empreendimentos. “Nós estamos organizando um abaixo assinado, com outros 31 condomínios do Itacorubi, para entregar na Câmara de Vereadores e pedir mais atenção dos órgãos de segurança pública nos condomínios do bairro”, explica a síndica Helena Martins, que administra o condomínio Plaza di Roma, também no Itacorubi.

Prevenção no entorno dos condomínios

predio com segurança em condomínios
Para evitar novas invasões, funcionários do condomínio Luiza Napoli fazem ajustes nos sistemas de segurança do edifício

Com mais de 30 anos de serviços prestados à Polícia Militar de Santa Catarina (PM/SC), o coronel Fernando José Luiz, da reserva da PM, avalia que cada condomínio tem sua particularidade. Segundo Fernando, os síndicos e condôminos devem tentar identificar os riscos e ameaças existentes no entorno dos condomínios, mas não apenas nos prédios vizinhos, e sim em toda a rua e no próprio bairro. “O foco deve ser o controle de acesso, porque um controle de acesso bem elaborado e com normas precisas vai dar resultado. Até os índices de criminalidade do entorno devem ser observados, bem como o perímetro do condomínio, porque cada uma dessas particularidades pode ser facilitador do acesso de bandidos”, afirma.

Fernando diz perceber “uma rotina de acomodação” em muitos condomínios no que se refere à segurança. Afirma ainda que os funcionários costumam ser “muito prestativos”, mas esquecem da segurança. Para ele, é essencial “treinar” os funcionários e “conscientizar” os moradores da importância da “prevenção”. Também, destaca que síndicos devem fazer uma análise prévia de risco, em que os possíveis pontos vulneráveis sejam identificados, mapeados e seus problemas solucionados.

Além disso, destaca Fernando, síndicos e condôminos mais atuantes devem buscar integração com as forças de segurança que atuam nos bairros onde vivem. Isso aproxima os dois lados, facilita o trabalho da polícia e cria um canal mais próximo entre moradores e comandantes de batalhões, delegados e até mesmo guardas municipais. “As pessoas devem procurar saber quem é o delegado do bairro, qual o comando e comandante atuam na área, se a Guarda Municipal tem equipes na região, enfim, buscar essa integração entre a comunidade e o Estado”, argumenta.

PM diz que caso no Itacorubi foi isolado

O comandante do 4° Batalhão de Polícia Militar, que compreende a região do Itacorubi, tenente-coronel Marcelo Pontes, diz que o assalto no 4° andar do condomínio Luiza Napoli foi “um caso isolado”. E que o assaltante era um usuário de crack. Sobre a mobilização dos síndicos, afirmou que eles devem procurar o Conseg (Conselho de Segurança) da Bacia do Itacorubi, onde a PM é uma das partes que integram o grupo.

Tanto o condomínio administrado pela síndica Helena, como o da síndica Janete estão entre os que lavraram o abaixo-assinado. Principal incentivadora da confecção do documento, Helena afirma que as principais cobranças da comunidade são a criação de um posto policial na região, mais rondas policiais e melhor iluminação no bairro. “Mais de 90% dos condomínios do Itacorubi estão representados no abaixo-assinado, e isso é muito importante porque mostra a representatividade do movimento”, expõe Helena.

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