Alta na conta da luz acende alerta nos condomínios

Condomínios localizados em regiões turísticas devem ficar atentos para a conta de energia, já que há previsão do retorno dos turistas no verão
Para especialistas, o segredo está em adotar medidas simples que diminuem o desperdício diário e contribuem para a garantia do fornecimento de energia elétrica
Em setembro a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) começou a operar com uma nova bandeira tarifária chamada de 'escassez hídrica', que segue em vigor até 30 de abril de 2022. Com isso, a conta de luz ficou mais cara, de novo. Só para ter uma ideia, o valor passou de R$ 9,49 por cada 100 Kwh para R$ 14,20, o que representa um aumento de 49,63%.
Mas as preocupações não param por aí. Outro problema que os brasileiros devem levar em conta nos próximos meses é a possibilidade de apagões e racionamento de energia. E quem precisa ficar atento a todas essas questões são os condomínios. Principalmente aqueles que estão localizados em regiões litorâneas como a de Balneário Camboriú, que com o avanço da vacinação promete estar com a praia lotada neste verão.
Com isso, a solução é buscar alternativas para reduzir ao máximo possível o consumo de energia elétrica nas áreas comuns dos edifícios, para evitar o aumento na taxa do condomínio. Segundo o professor Junior Kreusberg, técnico em manutenção predial em Itajaí, com 15 anos de experiência em eletricidade, essas medidas são mais simples do que se imagina.
“O primeiro passo é a elaboração de uma lista de pontos críticos para inspeção. E, com base nisso, montar um check-list com um cronograma de datas para essas verificações. Lembrando sempre que essa atividade demanda de alguém habilitado”, explica o especialista. Ele destaca ainda que pequenas ações como instalar sensores automáticos para acionamento de iluminações coletivas e manter a manutenção preventiva em dia também auxiliam na hora de reduzir custos.
Recomendações complementadas pelo engenheiro eletricista Luiz Angelo Zabot, coordenador da Comissão Interna de Conservação de Energia da Celesc, que lembra da importância de aproveitar ao máximo a iluminação natural no prédio e de, em locais com mais de um elevador, desligar um deles durante a madrugada. Como dica para os síndicos evitarem a elevação dos custos, ele destaca a importância do envolvimento de todos.
“É preciso constituir uma equipe de conservação de energia para acompanhamento da gestão do consumo, inspeção periódica das instalações e orientação através de informações aos condôminos e funcionários sobre o uso seguro e eficiente de energia elétrica, bem como ouvir suas sugestões. Pode-se ainda colocar cartazes e informativos nas áreas comuns, incentivando as pessoas a aderirem à ação”, indica Zabot.
Como alternativa tanto para economia de energia nos horários de pico quanto em relação a possíveis apagões, Kreusberg aponta o uso de geradores de energia. Entretanto, antes de fazer a aquisição do equipamento, ele destaca a importância de calcular o custo-benefício. “Para saber se vale a pena a compra é preciso entender qual será o investimento, levando em conta o valor da aquisição e de manutenção do equipamento. Com base nisso, é possível estabelecer o pay-back de um projeto como esse e ter maior noção da viabilidade”, analisa o técnico.
Edificações e equipamentos mais antigos
Assim como eletrodomésticos antigos, as instalações mais velhas também tendem a “consumir” mais energia. E segundo Néia Lehmkuhl, gerente de projetos de uma empresa de engenharia elétrica e regularização de processos de São José, há muitos fatores que geram o desvio de energia. Como, por exemplo, a perda das propriedades protetoras de cabos antigos, as emendas ou ainda as conexões mal feitas.
“Em geral, as instalações elétricas têm uma vida útil estimada em 25 anos, desde que sejam mantidas em dia as manutenções preventivas. Em edifícios mais antigos é importante observar o excesso de instalação de equipamentos, como ar-condicionado, que consomem muita energia. Eles sobrecarregam as instalações e com isso superaquecem, consequentemente desperdiçando a energia. E quem paga por isso é o consumidor”, explica a especialista.
Outro exemplo são os elevadores. Os modelos mais antigos não têm uma boa relação entre consumo e eficiência. Em todo o acionamento, seja para subir ou descer, eles demandam um pico alto de energia para acionar os seus motores. Já os equipamentos mais modernos possuem uma melhor gestão devido à instalação de drives que fazem esse controle.
Já para Felipe de Souza Gariba, especialista em sistemas de segurança e energia, uma boa saída para economizar na conta de luz é diminuir o consumo em horário de pico. “O ideal seria se os condomínios conseguissem fazer automações no sentido de tentar utilizar o mínimo possível de energia elétrica das 18h30 às 21h30. Nesse período o valor do kwh é três vezes mais caro que nos demais”, avalia.
E como exemplo disso, ele explica que se o condomínio tiver uma caixa d’agua grande é possível ligar um gerador na casa de bombas. Ou ainda automatizar o processo para que as máquinas desliguem no horário em que a luz é mais cara. Além disso, Gariba também indica, principalmente para condomínios maiores, a utilização de iluminação solar na área externa. Em projetos que ele já executou, o uso das luminárias com bateria chegou a 90% do total dos pontos de luz.
Agora, quando falamos em possibilidade de apagão ou falta de luz, o especialista destaca a importância do uso dos nobreaks. “Os sistemas de alarme de incêndio, iluminação de emergência, de acesso, interfonia, as fechaduras eletromagnéticas e a automação dos portões têm que ficar em funcionamento pelos menos mais uma hora. E para que isso seja possível, o indicado é que seja feito um projeto no condomínio para que todos esses sistemas tenham nobreak ou pequenos geradores, que entrarão em ação caso falte energia”, pontua Gariba.
Crise Hídrica
Segundo Fábio Valentim da Silva, diretor de Regulação e Gestão de Energia da Celesc, estamos passando por uma crise hídrica sem precedentes. E isso se traduz em níveis de reservatórios de usinas hidrelétricas muito abaixo dos normais de operação. Isso leva à utilização de usinas termelétricas e também importações de energia do Uruguai e Argentina com a finalidade de preservar ao máximo os reservatórios.
Como medidas de prevenção, o Governo Federal tem investido em campanhas de conscientização. Além da tarifa 'escassez hídrica', também foi lançado o Programa de Redução Voluntária do Consumo. Nessa iniciativa o cliente que economizar entre 10 e 20% nos quatro últimos meses de 2021, se comparado ao mesmo período do ano passado, terá um benefício de R$ 50 para cada 100 kWh, que será creditado na fatura de janeiro de 2022.
Deixe seu prédio energeticamente mais eficiente
Para quem quiser investir em algumas medidas que trazem eficiência energética para a edificação, os especialistas separaram algumas dicas. Confira:
• Adquira equipamentos como ar-condicionado, lâmpadas, refrigeradores com o selo Procel, ou com Etiqueta A do Inmetro. Os modelos do tipo Inverter são mais econômicos
• Instale sensores de presença em áreas comuns e troque a lâmpadas antigas pelas de LED
• Utilize aquecimento solar de água para piscinas e chuveiros dos condôminos
• Aplique películas filtrantes de UV em janelas
• Instale portões de alta eficiência
• Modernize os elevadores com um Comando por Inversor de Frequência e faça a utilização inteligente do acionamento do equipamento
• Remaneje a iluminação de garagem e crie setores que permitam o desligamento parcial durante o período da madrugada
• Faça a manutenção preventiva das instalações elétricas – no mínimo a cada 2 anos
• Analise o estado e o dimensionamento das instalações elétricas para identificar se há necessidade de retrofit
• Para ter um diagnóstico completo, é interessante fazer a análise termográfica das instalações e medição de grandezas elétricas. Além, é claro, de um estudo de eficiência energética.
(Fonte Néia Lehmkuhl e Luiz Angelo Zabot)
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