MUDANÇAS

O impacto da pandemia na saúde mental das crianças

Não foi só a rotina dos adultos que mudou com a chegada da pandemia. Crianças e adolescentes também foram impactados diretamente pela necessidade do isolamento social e muitos ainda tiveram que lidar com o luto pela perda de algum familiar.
10 de novembro 2020 | Atualizado em 12 de julho 2024

Para driblar o estresse da pandemia, a pediatra Sidiane Garcia Bastos Ferreira leva o filho Davi para ver o nascer do sol na praia

Não foi só a rotina dos adultos que mudou com a chegada da pandemia. Crianças e adolescentes também foram impactados diretamente pela necessidade do isolamento social e muitos ainda tiveram que lidar com o luto pela perda de algum familiar.

Sem maturidade para entender todas essa mudança nos hábitos - que incluiu ensino a distância e brincadeiras mais solitárias – os pequenos têm dado sinais de que estão sofrendo com tudo isso: sono alterado, emoções à flor da pele, ansiedade, depressão, medo, entre outros sintomas.

De acordo com a psiquiatra Lílian Schwanz Lucas, a quarentena está refletindo na forma com que as crianças se comportam e se desenvolvem, sendo que diversos estudos sugerem que o estresse nas fases iniciais do crescimento pode induzir a alterações persistentes na capacidade da criança responder ao estresse na vida adulta, com consequências no longo prazo para saúde mental global.

“A pandemia é um desafio à saúde mental, em especial dessa população. Dependendo da idade os impactos serão absorvidos de forma diferente. Um bebê, por exemplo, não precisa tanto do convívio com outras pessoas fora do círculo familiar mais próximo, mas pode ser afetado indiretamente com o adoecimento emocional de um dos pais”, explica a especialista.

Em Florianópolis, a pediatra Sidiane Garcia Bastos Ferreira aproveita os benefícios da natureza para driblar esses possíveis efeitos. Ela e o filho Davi, de 7 anos, que moram em um edifício onde o salão de jogos, piscina e o salão de festas foram totalmente bloqueados assim que começou a pandemia, encontraram na praia o seu refúgio.

“Com o isolamento desenvolvemos o hábito de ver o nascer do sol na praia. Inclusive nos primeiros meses, essa era a única saída de casa. Faço café, preparo sanduíche, pão de queijo, pego uma canga e uma coberta. Coloco tudo em uma cesta e vamos”, relata. Além disso, entre as medidas adotadas para o enfrentamento, a médica também incorporou na rotina a convivência dele com um primo e os avós uma vez por semana, sempre tomando todos os cuidados necessários.

Interações familiares

Coordenadora do Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Associação Catarinense de Psiquiatria (ACP) e vice-coordenadora do Departamento de Psiquiatria da infância e adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Lílian explica que lidar com essas reações emocionais e alterações comportamentais nem sempre é fácil para os pais ou familiares, os quais tendem a apresentar níveis mais elevados de estresse e ansiedade nesse período.

 

Lílian Schwanz Lucas, coordenadora do Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Associação Catarinense de Psiquiatria

Por isso, a psiquiatra destaca a importância de se trabalhar o conceito de resiliência psicológica, como o processo natural de boa adaptação em face à adversidade. “Os pais devem primeiro cuidar de sua própria saúde mental. O que inclui pedir ajuda de familiares, amigos e profissional quando necessário. Outro ponto fundamental é manter uma rotina diária, que inclua atividades com propósito. Isso ajuda a manter o senso de continuidade e de que o que estamos vivendo é transitório e vai passar”, explica a especialista.

Além disso, ela reforça que é importante diminuir a exposição às notícias sobre COVID-19 e conversar com as crianças sobre os sentimentos provocados por vivências tão extremas. Tudo sempre de forma tranquilizadora, adequada à etapa de desenvolvimento da criança. E, aliado a isso, ela destaca ainda a necessidade de incrementar fatores de proteção como o apoio dentro dos grupos de convívio, incluindo aqui os condomínios.

“Atitudes como estímulo à ajuda mútua entre os moradores são fundamentais neste momento. Medidas que atentem para o fato de que todos estão vivendo níveis elevados de estresse e que a compreensão no convívio diário pode evitar desavenças desnecessárias entre vizinhos. Elas aumentam o bem-estar dos moradores e ajudam a preservar a saúde mental das gerações futuras”, avalia Lílian.

José Aparecido Miguel, síndico do condomínio Marta Maria, em Itapema

No condomínio Marta Maria, em Itapema, o síndico José Aparecido Miguel ainda segue com o salão de festas fechado e o playground desmontado, sendo a piscina a única área de lazer que foi liberada recentemente. E como reflexo dessa limitação das áreas de convivência, ele comenta que enfrentou muita reclamação de barulho de crianças brincando dentro dos apartamentos até tarde da noite. Sem ter muito o que fazer, já que o momento atual é inusitado, ele usou da diplomacia para resolver o problema. “Foi preciso muita paciência com os condôminos. Inúmeras vezes tivemos que ir até o apartamento e conversar pessoalmente com cada morador. Mas, felizmente, com bastante diálogo conseguimos contornar a situação”, comemora.

Reabertura das áreas de lazer

Longe dos amigos, professores e até de familiares, os pequenos que moram em apartamentos têm nas áreas comuns dos condomínios a opção mais segura para fazer passeios, tomar banhos de sol e brincadeiras como forma de manter a saúde e gastar a energia até passar a pandemia.

E agora, depois de muitos meses com espaços fechados, alguns condomínios estão retomando gradualmente a abertura de playgrounds, brinquedotecas, salão de festas e as quadras de esportes - ideais tanto para adultos, quanto para as crianças praticarem exercícios ao ar livre e gastarem a energia acumulada. Claro, tudo dentro das regras de uso recomendadas pelas autoridades sanitárias, como por exemplo, a marcação previa de utilização dos espaços e com os membros da mesma família.

Revisão dos playgrounds

Já em relação ao playground e parquinhos, antes de reabrir esses espaços os síndicos devem ficar atentos à manutenção dos brinquedos que ficaram parados por tanto tempo, conforme destaca Nelson Krenke, fabricante de playgrounds e especialista no assunto. Por isso, ele recomenda uma série de cuidados para que a volta das atividades seja feita da maneira mais segura. Confira os principais pontos que merecem atenção dos gestores:

• Revise parafusos e outros elementos de fixação

• Aperte peças soltas e troque aquelas que apresentarem defeitos

• Revise e reforce os pontos de solda em brinquedos metálicos

• Revise e conserte os encaixes em brinquedos construídos de tora de eucalipto ou outra madeira

• Faça uma limpeza geral dos brinquedos para evitar qualquer tipo de surto de Covid dentro do condomínio. Tanto os playgrounds de plástico, quanto os parquinhos de metal devem ser lavados com água e detergente neutro

• Outra dica é anotar em um livro a data e quem foi o profissional ou a empresa que realizou a vistoria, incluindo aqui a ART do serviço prestado como garantia.

Serviço

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