Vazamento de esgoto provocou a explosão na Fazenda Botafogo

Um laudo preliminar do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) revela que a explosão ocorrida em 5 de abril no Conjunto Habitacional Fazenda Botafogo, em Coelho Neto, onde cinco pessoas morreram, foi causado pelo acúmulo de gases sulfídrico e metano provenientes de um vazamento de esgoto, como O GLOBO já havia adiantado um dia após o acidente. Com o auxílio de um medidor, peritos constataram, sob o prédio atingido, a presença de gases com potencial para provocar novas explosões. Segundo eles, bastou uma centelha (de procedência não conhecida, já que o local ficou muito destruído) para provocar a tragédia.
— Avisamos às autoridades sobre o risco de ocorrerem outras explosões, pois o vazamento de esgoto não tinha sido reparado três semanas depois do acidente. Há grande quantidade de gases provenientes de fezes. O trabalho do ICCE, de análise técnico-científica, está concluído. Cabe à polícia terminar o inquérito — explicou o diretor do ICCE, Sergio William Silva.
O laudo definitivo ficará pronto semana que vem, mas o documento já concluído explica em detalhes as causas do acidente. A explosão aconteceu de baixo para cima. O que confundiu os peritos num primeiro momento foi o fato de haver um vazamento de gás da CEG no apartamento 108, justamente o imóvel onde três pessoas da mesma família morreram. No entanto, a rede da CEG não tinha sinais de explosão, o que fez com que a hipótese de escapamento de gás natural fosse totalmente descartada. O cheiro que as pessoas sentiam, segundo o ICCE, era proveniente desse imóvel, que fica próximo à entrada do prédio.
INSETOS MORTOS
Peritos foram cinco vezes ao conjunto habitacional. À medida que se aprofundavam nas análises, mais claro ficava que os gases metano e sulfídrico tinham provocado o acidente. Eles observaram também que, no local da explosão, havia dezenas de baratas mortas — mais um sinal de que o problema fora causado pelos gases do esgoto.
— Onde há gás natural, não há baratas. Esses insetos gostam de ficar perto do esgoto — disse um dos peritos que investigaram o caso.
A explosão destruiu os oito apartamentos do primeiro andar. Além das cinco pessoas mortas, nove ficaram feridas. Moradores contaram na época que tinham chamado a CEG 49 vezes por causa do cheiro de gás no conjunto. A concessionária afirmou ter estado no local cinco vezes este ano, sem identificar qualquer vazamento na rede ou nos 19 apartamentos abastecidos por ela.
CEDAE NÃO CRÊ EM CONCLUSÃO
A rede de esgoto naquela região é gerenciada pela Cedae. A empresa disse, no entanto, que o sistema interno de imóveis e condomínios não é de sua responsabilidade. Informou ainda, por meio de nota, que não foi procurada pelo ICCE. Por isso, “considera prematuro emitir considerações”. No entanto, a companhia disse no texto ser improvável que o acidente em Coelho Neto tenha sido causado pelo esgoto, “pois não há registro de episódios como este comprovados nem na Cedae”, nem em outra empresa do gênero no país.
Matéria originalmente publicada em O Globo
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