Seu condomínio está preparado para o El Niño?

  Previsão de fortes temporais exige atenção dos condomínios para evitar prejuízos O El Niño de 2015-2016 pode superar as ocorrências de 1997-1998 e 1982-1983, que foram as mais intensas desde...
29 de setembro 2015 | Atualizado em 12 de julho 2024

 

Previsão de fortes temporais exige atenção dos condomínios para evitar prejuízos

O El Niño de 2015-2016 pode superar as ocorrências de 1997-1998 e 1982-1983, que foram as mais intensas desde as observações que começaram em 1950, de acordo com o Centro de Previsão do Clima (CPC) da agência norte-americana que acompanha as condições da atmosfera e oceanos (NOAA, National Oceanic and Atmospheric Administration). De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, a força máxima do El Niño tende a ocorrer entre outubro de 2015 a janeiro de 2016. Em Santa Catarina, a influência ocorre principalmente na primavera. De acordo com a Epagri/Ciram (órgão que monitora as condições climáticas no Estado) a tendência é para séries de três a quatro dias de grandes volumes, que podem ultrapassar as médias mensais, com maiores ocorrências em novembro. “Existe possibilidade de chuva forte em curto espaço de tempo, propício a cheias. Desde 1997, não temos um El Niño como esse, pode ser igual ou superior ao daquele ano”, explica a meteorologista da Epagri/Ciram, Gilsânia Cruz.

 Com a expectativa de chuva e calor acima da média, há riscos de tempestades. Conforme o secretário de Estado da Defesa Civil Milton Hobus, as observações dos modelos mostram que a gravidade vai se acentuando até novembro, quando há tendências de temporais mais fortes. “Estamos vivenciando temperatura acima da média no Sul do Brasil. A situação pode se agravar, com vendavais, tempestade de granizo e chuva forte”, explica. Hobus destaca a relação das tempestades e a importância de os condomínios manterem em dia o sistema de para-raios. “Os condomínios são susceptíveis a uma série de danos que podem ser causados pela chuva intensa. Se tiver em área passiveis de enxurrada, é ainda mais importante ficar atento aos alertas que disparamos em nosso site e na imprensa”, considera.

Prevenção

Na sexta-feira de Carnaval deste ano, a forte chuva afetou o condomínio Residencial Garapuvu, em Jurerê Internacional, na Capital. Em razão da ausência de limpeza adequada do sistema pluvial, o grande acúmulo de água causou alagamento parcial da garagem, infiltração, danos à pintura predial, às lajes e ao contra piso. Diante da experiência, o síndico profissional Harisson Almeida se preparou para evitar prejuízos com o excesso de chuva esperado para esta primavera, sob a influenciada do El Niño, que tende a ser uma das ocorrências do fenômeno mais fortes já registradas. Em agosto, Almeida mandou limpar as calhas, a caixa de gordura, desobstrução do sistema pluvial, revisão do sistema de esgoto e comprou uma bomba de esgotamento das águas pluviais para o subsolo. E espera provar o que dizem os especialistas na área de riscos climáticos: a prevenção garante segurança e é mais econômica do que as manutenções corretivas. “A adoção de medidas preventivas sempre sai mais barato ao  condomínio, evita surpresas desagradáveis e prejuízos ao patrimônio dos condôminos, além de gerar mais tranquilidade”, afirma o gestor, com oito anos de atuação no mercado.

De acordo com o diretor técnico da Pravaliar Engenharia Civil e Segurança do Trabalho, Márcio Cavallazzi, a principal preocupação em caso de cheias é com impermeabilizações, o bom funcionamento das calhas e ralos, além de verificação dos condutores de águas pluviais. “Janelas como um todo são vedadas, muitas vezes, com silicone, material que tem vida útil curta. É importante estarem bem vedadas para evitar que entre água dentro do prédio”, diz Cavallazzi.

O inspetor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado (Crea-SC), Eduardo Irani Silva, acrescenta que em caso de ventos fortes, é preciso se atentar também para fixação de antenas e para-raios, fixação de telhas e poda de árvores mais altas. O condomínio deve estar preparado para a falta de energia. O engenheiro civil recomenda que as luminárias de emergência estejam carregadas, portões de acesso magnetizados (com imã, sem chave), com baterias de emergência para garantir a saída e entrada de pessoas.

Irani Silva lembra que nos subsolos, o cuidado deve ser redobrado. “As situações mais críticas, necessitam de um assessoramento profissional, normalmente resolvido com empresas que prestam serviço de manutenção em bombas, que dispõem de assistência 24 horas”, observa. Cavallazzi também alerta para a questão do subsolo, que deve ter bombas de recalque – com drenagem eficiente – para fazer com que a água retorne ao sistema pluvial da rua. “Primeiro de tudo é preciso conferir se essas bombas estão no prazo de manutenção e se estão funcionando normalmente. A partir daí, fazer teste para ver se todos os drenos estão funcionando para escoamento dessa água”, recomenda. 

Plano de contingência

Quando ocorre uma chuvarada acima de 60 mm (tendência de ocorrer na próxima estação), a garagem subterrânea do Residencial Darci Veras, no Balneário do Estreito, na Capital, alaga. As enxurradas são sempre uma preocupação para a síndica Terezinha Schmitt, que está acostumada a ter de chamar empresas para fazer o recalque da água. “Nos períodos longos de chuva, meu maior problema é a garagem. São duas portas de garagem grande e a água infiltra rápido”, conta. 

Em Blumenau, cidade onde ocorrem muitas cheias, há condomínios que para evitar esse tipo de problema buscam soluções criativas. O administrador da Metrópole Administradora de Condomínios, Christian Godri, conta que a administradora criou um plano de contingência para os condomínios clientes. Como base no boletim diário do rio Itajaí-Açu feito pela Defesa Civil, é calculado em qual nível de altura do rio traz-se a possibilidade de alagamento para os prédios. Quando chega a dois metros antes da cota de enchente do edifício, a orientação é para que sejam tomadas medidas para minimizar impacto, como desligar motores de piscina, retirar motores de portões, centrais de alarmes de controle de acesso e central de interfone e deixar em mãos lanternas, já que é comum nesses casos a falta de energia elétrica. 

Seguro adequado às características do prédio 

Mesmo com um minucioso trabalho de prevenção, não há risco zero quando se trata das intempéries do tempo. Por isso, é importante garantir uma apólice de seguro adequada às características do condomínio. De acordo com o corretor Valério Domingos de Araújo, da Almeida e Associados Corretora de Seguros, o síndico precisa observar o contratado com o apoio de um corretor para verificar suas principais necessidades. “Se o condomínio tem um telhado maior, precisa fazer uma apólice adaptada a esse fator”, recomenda. Os indispensáveis são os seguros de vendaval (que inclui granizo, ciclone e tornado), de queda de raio, de alagamentos e de desmoronamento. Araújo ressalta para o gestor condominial ficar atento ao seguro contra vendaval, pois normalmente os vidros estão incluídos, mas algumas operadoras fazem separados. Araújo observa que é importante lembrar que o seguro resguarda os bens do condomínio que estão cobertos e não os patrimônios alheios, mesmo que estejam dentro do prédio. “A apólice garante o seguro do condomínio, não dos apartamentos, que tem de ter seus próprios contratos. Em caso de alagamento de subsolo, também não cobre os carros dos condôminos. Mas, por exemplo, se encher de lama o fosso do elevador, isso é assegurado”, enfatiza.

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