Cohousing: um novo jeito de morar

Neste tipo de moradia, as pessoas compartilham do mesmo espaço, têm interesses e afinidades em comum, mas preservam a sua privacidade
Conheça o sistema de moradia onde são compartilhados não só ambientes, mas também experiências de vida
Pense em um lugar onde as pessoas compartilham do mesmo espaço residencial, têm interesses e afinidades em comum, estão vivendo momentos parecidos, mas também preservam a sua privacidade, morando cada um em sua residência. Essa ideia de habitação compartilhada, mundialmente conhecida como cohousing, co-lares na língua portuguesa, está começando a ser discutida e implantada no Brasil. "O conjunto de lares colaborativos não é moda, é uma tendência forte que chegou pra ficar no país", afirma Lilian Avivia Lubochinski, arquiteta, urbanista e coordenadora da Cohousing Brasil Co-Lares.
A cohousing surgiu na Dinamarca, por volta da década de 1960, a partir da necessidade de um grupo de famílias de viver em comunidade, diminuindo o custo de vida e promovendo o sentimento de partilha, não só do espaço físico, mas também das experiências pessoais. Na prática, os moradores têm casas privadas, mas dividem e cuidam de espaços colaborativos, como bibliotecas, lavanderias, hortas, quartos de hóspedes, cozinhas e áreas de lazer. "A co-lares se assemelha a um condomínio convencional, mas somente na estrutura física. A principal diferença está na relação interpessoal e afetiva entre os vizinhos", explica Lilian.
Cada grupo de co-lares decide o que vai ser compartilhado, além de como praticar a política da boa vizinhança, como ajudar um vizinho adoentado, cuidar do amiguinho do filho enquanto os pais fazem alguma atividade, se divertir em conjunto, interagir. "Vizinhos a gente tem em qualquer lugar, o importante no co-lares é a qualidade da relação que se tem com esses vizinhos: uma relação de confiança, de amizade e de familiaridade. A estrutura construída não é o coração da ideia, o coração é a estrutura social, por isso não basta só compartilhar, é necessário colaborar", completa a incentivadora do cohousing no Brasil.
Lilian também explica que o planejamento estrutural não precisa ser só o clássico - de casas -, mas pode ser vertical, ou seja, em prédios. E qualquer pessoa, de qualquer idade ou estilo de vida, pode formar um grupo de co-lares, sendo que os maiores interessados são os da terceira idade. "As pessoas mais velhas, ao menos algumas, querem fugir da solidão e programar sua velhice nessa delícia de convivência. Mas esta não é uma solução para todos, só para quem se conecta com essa visão”.
Mercado
Para Silvya Caprario, arquiteta, urbanista e conselheira do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina, a cohousing é uma evolução das casas de repouso para idosos, que estão cada vez mais saudáveis, só não querem mesmo é conviver com a solidão. "Com o cohousing, os idosos ganham a possibilidade de conviver de maneira mais calma, mais harmoniosa, inclusive com sistemas de atendimento à saúde próximos e tudo isso sem abrir mão da sua individualidade", complementa.
Silvya conta que tem conversado com grupos interessados nesse tipo de empreendimento em Santa Catarina. "Já recebi solicitações e já fiz estudos dessa maneira diferenciada e social de morar". No bairro Ratones, em Florianópolis, por exemplo, há um grupo motivado em implantar uma cohousing voltado à plantação, conta a arquiteta.
Para dar início a um co-lares, é necessário que ao menos quatro pessoas estejam empenhadas. Depois, é necessário buscar um facilitador, que mostre o caminho das pedras para a sua implantação: desde a parte estrutural e os gastos financeiros até como será a convivência diária no grupo.
Segundo ela, nada impede que o mercado imobiliário também inicie um empreendimento desse tipo. "Se o mercado tiver a sensibilidade de captar a verdadeira intenção do co-lares e souber aliar a estrutura física ao valor agregador que a co-lares oferece, aí há um campo a ser investido, promovido e vendido".
ENTENDA MAIS
O que é cohousing?
É quando cada um mora na sua própria casa e seus vizinhos, que são seus amigos, compartilham de interesses em comum e também de ambientes em comum, cuidando da sua preservação e manutenção.
Qual a diferença entre cohousing e condomínios convencionais?
A principal é o vinculo interpessoal que os moradores estão dispostos a construir, com custos econômicos mais atraentes.
Como começar um grupo?
É necessário ter um grupo de no mínimo quatro interessados, que estejam vivendo momentos muito parecidos e tenham afinidades em comum para, então, buscar um profissional que facilite a construção física e social do sistema.
Serviço
Se você gostou do conteúdo, não esqueça de compartilhar:
Está procurando Fornecedores?
Aqui você encontra
Todos os direitos protegidos e reservados | Faça contato com a Redação
Deixe o seu comentário
Nenhum comentário registrado