Para arquiteto, condomínios ajudam a dinamizar as cidades

A densidade demográfica que os condomínios proporcionam colabora para tornar as cidades mais dinâmicas, segundo o arquiteto especialista em desenvolvimento urbano, Paulo Kawahara. Ele é diretor administrativo da Jaime Lerner Arquitetos Associados, de Curitiba, que atua no planejamento urbano de várias cidades no Brasil, como Florianópolis e Cuiabá. Kawahara trabalhou anteriormente nas administrações do governo do Paraná e de Curitiba com Jaime Lerner, o ex-prefeito reconhecido em todo o mundo por criar soluções urbanas inovadoras. Em entrevista ao Jornal dos Condomínios, ele falou sobre as atribuições dos prédios no crescimento urbano e sobre a verticalização das cidades.
Jornal dos Condomínios- Como o sr. vê o papel dos condomínios no desenvolvimento das cidades?
Paulo Kawahara- Sob muitos aspectos, a verticalização e a densidade são saudáveis para as cidades. Desde que planejadas com critério, elas significam economia de energia principalmente em deslocamentos - e consequentemente em redes de transportes, redes de infraestrutura, etc. Também criam uma formidável massa crítica que viabiliza o florescimento de comércio e serviços de todo tipo, bem perto das pessoas. Maior densidade significa mais segurança e a possibilidade do encontro das pessoas, dinamizando a vida cultural e social das comunidades. É natural que as cidades devam ofertar todas possibilidades de moradias, sejam elas verticais ou horizontais. Mas a excessiva horizontalização das cidades penaliza a todos, principalmente as classes mais pobres, e sobrecarrega os poderes públicos, que precisam levar o atendimento social cada vez mais longe, geralmente com muita dispersão de energia e dinheiro, devido ao espalhamento periférico da ocupação urbana.
O sr. acredita que os condomínios recebem a devida atenção do poder público? Não faltam políticas que ajudem a melhorar o setor?
Há uma conotação de que os condomínios são ocupados por classes abastadas e que são auto-suficientes, e por isso, independem do poder público. Mas, nas grandes cidades, existe uma enorme quantidade de condomínios, principalmente verticais, de classe média ou mesmo baixa, que devem ser consideradas na administração das cidades. A questão que precisa ser pensada é: Como os condomínios devem se integrar na malha urbana, sem que eles representem novos guetos? Como melhorar o acesso à infraestrutura de serviços, de lazer, de transporte dos mesmos?
Como a aglomeração que os condomínios proporcionam pode ser prejudicial à população?
Obviamente, todo tipo de excesso estrangula a vida urbana, podendo levar à sua deterioração. Como foi dito, a aglomeração até certo ponto é desejável para as cidades e para o bem-estar da população. Alguns aspectos dos condomínios, principalmente nos horizontais, devem ser repensados - como, por exemplo os longos muros, que evidenciam a segregação e a insegurança para quem está do lado de fora. O ideal é que haja mistura de usos, como prédios residenciais e comerciais na mesma rua, ou lojas no térreo, mistura de renda e de idades. E, principalmente, que a rua tradicional seja criada ou valorizada, onde a convivência dos pedestres, lojas, vitrines, botecos e tudo o mais, garantem vida, animação e mais segurança. Todos estes aspectos podem ser induzidos pelo planejamento urbano.
De que forma criar mais espaço ou ambientes de lazer para os condomínios?
A falta de espaços de lazer é nociva em qualquer caso. Seja no condomínio, no bairro, na cidade, o acesso ao lazer - aqui estendida para um sentido amplo, envolvendo cultura, por exemplo - é um imperativo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. As melhores cidades para morar certamente têm uma coisa em comum: a grande importância dos espaços democráticos, sejam eles ruas, praças, parques, equipamentos sociais e culturais. Hoje, numa era em que o melhor investimento é intra-muros - para poucos -, há de se fazer um esforço coletivo para que o melhor das cidades esteja nos espaços públicos.
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