Síndico, acalme seu coração

O ano de 2020 chega ao fim. Maria nossa síndica em apuros pediu folga. Ela merece, afinal foi um ano que exigiu muito dela e de todos os síndicos.
30 de dezembro 2020 | Atualizado em 12 de julho 2024

O ano de 2020 chega ao fim. Maria nossa síndica em apuros pediu folga. Ela merece, afinal foi um ano que exigiu muito dela e de todos os síndicos.

Nesse ano, além de todas as responsabilidades e desafios que gerir um condomínio exige, tivemos um agravante inimaginável. Uma pandemia.

Em meio a tantas informações desencontradas, medos, exageros, decretos e rebeldia, em cada condomínio houve um síndico querendo fazer a coisa certa mesmo sem saber qual era essa coisa. A pressão foi enorme. Fechar áreas comuns, exigir uso de máscara, dispensar funcionários do grupo de risco. Porém, para cada medida sempre havia um condômino trazendo argumentos e nos fazendo parecer ditadores ao invés de síndicos.

“Preciso da academia porque uso para fisioterapia receitada pelo médico” ou ainda “o uso de máscara faz mal a saúde...”, sempre tinha um artigo, um “especialista” falando sobre tudo e só confundindo ainda mais a situação que já não estava fácil. Alguns síndicos desenvolveram ansiedade por conta de tanta pressão.

Os condôminos não se contentavam em fazer virar polêmica todo decreto. Muitos moradores passaram a viver vigiando “ainda mais”, a vida do vizinho. Fulano está sem máscara, ciclano está recebendo visitas, beltrano está com sintomas. Cada whatsApp recebido poderia ser uma nova polêmica, ou uma solicitação de uma decisão que muitas vezes o síndico não tinha como tomar.

Quero falar diretamente pra você, síndico, que bravamente se posicionou nesse ano tão difícil. Acalme seu coração. O síndico tem responsabilidades com o condomínio, mas isso não quer dizer que ele é babá de gente teimosa, de gente egoísta, de gente que se recusa a entender que não é só uma gripezinha. É uma roleta russa em que não se sabe qual será o efeito sobre cada organismo, sendo assim, só nos resta a prevenção.

O síndico tem responsabilidades com o coletivo, mas não é responsável pela saúde de cada morador. O síndico deve sim, dispor de álcool gel, de avisos, de regramento, mas, isso não significa que ele deverá obrigar que as pessoas higienizem as mãos com frequência, nem proibir que se aglomerem, nem que continuem dando suas festas inconsequentes dentro de suas unidades.

Aprendemos muito nesse ano, mas o tal do bom senso ainda é escasso. Vamos cada um fazer sua parte, se cuidar, cuidar da saúde do próximo e aguardar ansiosamente a vacina, venha de onde vier, para que nossos condomínios possam ter um pouco mais de paz.

Que o próximo ano seja mais tranquilo, que possamos evoluir como comunidade, e que cada um tenha motivos para agradecer e celebrar a saúde. Desejo um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de amenidades para todos os leitores, síndicos e profissionais que nos atendem.

Martinha Silva é escritora, graduada em Administração, especialista em Gestão de Pessoas e gestora condominial em Itajaí.

Se você gostou do conteúdo, não esqueça de compartilhar:

Deixe o seu comentário

Ao comentar em nosso site você concorda com os nossos termos de uso

Para comentar você precisa estar autenticado.
Por favor, Faça login ou Registre-se

Nenhum comentário registrado

Está procurando Fornecedores?

Aqui você encontra

{{ termError }}