Para aumentar a quantidade de áreas verdes em grandes cidades como São Paulo, o Movimento 90° implementa jardins verticais em muros e fachadas. O negócio de impacto sócio-ambiental é o responsável pelo primeiro corredor verde do mundo, no Elevado Costa e Silva, o Minhocão.

O movimento foi idealizado pelo paisagista Guil Blanche, que pretende tornar São Paulo menos insalubre para seus habitantes. De acordo com a ONU, cada cidade deve ter pelo 12 m² de área verde para cada cidadão. Na capital paulista, a média é de apenas 2,6m².

Para trazer mais qualidade de vida à cidade de Paris, por exemplo, o francês Patrick Blanc criou as estruturas dos jardins verticais, capazes de sustentar e nutrir plantas em superfícies como muros e paredes. Isso melhora a qualidade do ar, soluciona problemas de excesso de calor, aumenta a umidade relativa do ar e diminui problemas de poluição sonora.

A tecnologia do jardim vertical foi trazida ao Brasil pelo Movimento 90° com uma diferença: ao invés de utilizar material sintético para construir a estrutura, a empresa utiliza material reciclado.

Jardins verticais e a arte
Jardins verticais podem ser fixados em qualquer parede. Na hora do plantio das espécies, é possível criar diferentes composições, com pontos, linhas e planos, utilizando plantas com cores e texturas diferentes.

Por isso, esses projetos são executados por artistas. “A técnica consolidada de jardins verticais permite que cada parede se torne um parque público para a cidade”, diz Gui Blanche. “Esses projetos podem dar suporte para o trabalho de artistas. Ou seja, além de melhorar a condição ambiental, também trazemos um importante elemento cultural”, completa. De acordo com o paisagista, cada jardim é sempre pensado por um artista contemporâneo.

Quem deseja ter o seu próprio mural verde não precisa se preocupar com possíveis infiltrações ou com danos à superfície original. Os jardins verticais têm um sistema automatizado de irrigação e exigem pouca manutenção. Além disso, são móveis: é possível retirá-los sem causar estragos ao local onde foram instalados.

Minhocão verde
Para Gui, avenidas são os principais problemas em grandes metrópoles. O trânsito intenso de carros piora a poluição e todo o concreto aumenta as temperaturas. Por isso, pretende criar parques verdes nesses locais. O primeiro deles é o Elevado Costa e Silva, em São Paulo, conhecido como Minhocão.

Localizado na região central de São Paulo, o Minhocão é um símbolo de degradação da cidade. É conhecido por sua alta densidade populacional, trânsito de mais de 80 mil carros e pouquíssimo verde. Restaurar esse ponto é uma forma de reduzir a hostilidade dos habitantes com a capital e melhorar a qualidade de vida nesse ponto.

A via tem capacidade para abrigar 58.000 m² de área verde. Em 2013, o Movimento 90° criou o projeto para implantar jardins verticais ao longo do elevado. Ainda em fase de implementação, com quatro paredes já concluídas e duas em fase de construção, o objetivo final é criar 10 parques verdes.

A ideia é que esses 8.000 m² de verde irão melhorar a qualidade do ar, reduzir o calor, minimizar a poluição sonora e, além disso, trazer um pouco de beleza para a região.

O desenho de cada um dos parques será desenvolvido por um artista contemporâneo diferente, como Daniel Steegmann, Mangrané, Pedro Wirz e Renata De Bonis. Dessa forma, o Movimento 90° pretende democratizar o capital cultural da cidade, além de causar impacto social que melhore a vida dos moradores.

Matéria originalmente publicada em FREETHEESSENCE