Produções caseiras geram renda e integração entre moradores de condomínios

Cucas, pães e bolos. As primeiras produções caseiras ganharam preferência e foram o começo de uma iniciativa que mudou a cara de um condomínio de Balneário Camboriú
Foi o embrião de uma economia interna que transformou o Garden Village, com 216 apartamentos e mais de 400 moradores, em uma espécie de minicidade. Os reflexos da pandemia do novo coronavírus fez que uma rede de comércio interno fosse criada, gerando mais que renda para os moradores.
“Antes cada um tinha seus horários e compromissos e não sabia sequer quem morava na porta ao lado. Depois desse comércio interno, conversam entre eles e fizeram amizades. O condomínio tem outra cara”, resume a síndica Eliana Fontoura Sordi. Por meio de um aplicativo do próprio condomínio e do grupo do Whatsapp, mais pessoas ofereceram seus produtos aos que moram próximos.
Empreendedores do ramo alimentício encontraram na iniciativa uma forma de compensar os prejuízos pelo fechamento ou limitação das operações pela pandemia. Também moradores, os donos de restaurantes passaram a oferecer também pizza, comida japonesa e outros pratos. Foi uma forma de adaptar os negócios e reinvenção. Principalmente neste período, a compra de produtores locais é imprescindível, já que incentiva o crescimento de pequenos empreendedores. Afinal, as pequenas empresas são as que mais empregam no Brasil, concentram 54% dos empregos formais, segundo dados do Sebrae de fevereiro deste ano.
Além do comércio de alimentos, o condomínio no bairro Nações passou a contar com oferta de prestadores de serviços. Negócios de condôminos, de dentista até lavação de carro, oferecem descontos para vizinhos. “Trocamos os uniformes de funcionários a partir do contato de uma moradora em que o namorado trabalha com isso. O benefício se estendeu ao próprio condomínio”, avalia Eliana.
Hoje, conforme a síndica, o comércio entre os muros fez com que se conhecessem melhor. Além de melhorarem a renda, há melhor convivência entre moradores. “Nas grandes áreas comuns as pessoas se encontram para conversar, com segurança, e as crianças fizeram amizades. Do limão foi feita uma limonada”, completa a síndica.
Aprendizado para as crianças
A limonada na casa da família Moreira de Oliveira foi feita por Théo Luiz, de 11 anos. Sem aulas na escola e restrito aos limites do apartamento por conta da pandemia do Covid-19, o menino aceitou o convite da avó, com quem mora junto dos pais e da irmã de 2 anos. Dona Márcia de Jesus ensinou o neto a fazer pães. O que era uma forma de entretenimento foi recheado de valores. A massa se abriu em conhecimento para complementar a educação do garoto. E ainda rendeu um dinheirinho para todos.
Depois das primeiras fornadas degustadas em casa, Jorge de Oliveira Júnior estimulou Théo a usar o talento para conseguir o dinheiro para a compra do smartphone que o menino tanto queria. “Mas com o viés de brincadeira e voltada à educação financeira, que aprendesse sobre o valor do dinheiro e também da importância de qualquer profissão, livre de preconceitos”, adverte o pai.
Depois do pãozinho de calabresa, Théo não parou mais. “Hoje faço com espinafre, azeitona, provolone, cenoura e alho-poró e quero fazer pão de queijo e outros”. Os primeiros consumidores foram os moradores do condomínio no bairro Jardim Atlântico, em Florianópolis. Atraídos pelo cheiro, meninos receberam algumas amostras e a notícia circulou entre os muros.
Théo faz pães a cada 15 dias. Continua como brincadeira e em datas comemorativas a produção artesanal envolve toda a família. “No último Dia dos Pais, além dos pães do Théo, minha esposa e minha sogra fizerem outros produtos. Eu ajudei na compra dos ingredientes e entrega”, conta Jorge.
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