Quarentena

Ser síndica já não é fácil em tempos normais, imagina durante uma pandemia! O dia está lindo, o sol está quente. A piscina convida, a sauna chama. Todo mundo em casa olhando pela janela sem conseguir enxergar o inimigo. Mas ele existe e não podemos deixar que o vírus entre em nosso condomínio.
07 de abril 2020 | Atualizado em 12 de julho 2024

Ser síndica já não é fácil em tempos normais, imagina durante uma pandemia! O dia está lindo, o sol está quente. A piscina convida, a sauna chama. Todo mundo em casa olhando pela janela sem conseguir enxergar o inimigo. Mas ele existe e não podemos deixar que o vírus entre em nosso condomínio.

Entre a angústia de não saber até quando essa quarentena vai durar, e a necessidade de fazer cumprir as normas de distanciamento social impostas pelas autoridades de saúde, me sinto cada vez mais aquela que tem que colocar regras que não agradam a ninguém.

Tenho observado que é nesses momentos atípicos que as características nossas, muitas vezes camufladas, ganham força. Tem condôminos que precisam continuar trabalhando, pois são profissionais de serviços essenciais. Alguns deles, pelo fato de já estarem na rua, se disponibilizaram a fazer as compras de farmácia e mercado para que os outros permaneçam em seus apartamentos e ajudem que o isolamento tenha sucesso contra o contágio acelerado. Enquanto isso, há aqueles que demonstram todo seu egoísmo e prepotência.

A academia ficou fechada nas duas primeiras semanas, mas alguns moradores precisaram usar os aparelhos por conta de recomendação médica para não interromper a fisioterapia. Então depois de muita conversa montamos um esquema de agenda e higienização dos equipamentos entre o uso de uma pessoa e outra. Para minha surpresa foi relatado a falta dos alteres de dois e quatro quilos e das caneleiras. Solicitei no grupo dos moradores que se alguém tivesse levado que por favor devolvesse. Nada. Tivemos que procurar nas câmeras e localizamos o folgado. Sempre tem gente folgada que se acha dona do condomínio e se recusa seguir as regras e respeitar os espaços que são de todos. A pessoa simplesmente queria fazer exercícios na sua unidade e decidiu levar os equipamentos sem nem sequer avisar.

Enfim, itens devolvidos e notificação aplicada.

Mas vamos voltar para os bons exemplos. Ontem foi aniversário da Letícia. Uma garotinha down que mora no bloco A, apartamento 101. Ela é extremamente feliz e animada e sei como está difícil para a mãe mantê-la dentro de casa. Pois bem, os vizinhos dos andares de cima e da torre B soltaram balões nas sacadas, cantaram parabéns e fizeram uma algazarra danada para comemorar o aniversário da menina. Gritos de alegria invadiram todo o condomínio e por um momento esquecemos da ameaça que a doença representa. Que encontrem logo a cura, pois a cura para a incerteza já sabemos que é a união e solidariedade.

Martinha Silva é escritora, graduada em Administração, especialista em Gestão de Pessoas e gestora condominial em Itajaí.

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