Existem aspectos diversos e polêmicos a serem observados quando da intenção de fechamento da sacada, sendo eles:

Aspecto legal: Segundo o código de obras do município de Florianópolis, a definição de 'sacada trata de parte da edificação em balanço em relação à parede externa e com pelo menos uma face aberta para o exterior'. Para as obras aprovadas e licenciadas no Plano Diretor que vigorou de 1997 a 2013, a sacada era um incentivo através de potencial construtivo, e para tal, deveria ser preservada em balanço e aberta.

Aspecto técnico: O fechamento de sacadas implica muitas vezes na alteração e acréscimo de elementos construtivos diversos, como esquadrias, estruturas metálicas e enchimento para nivelamento de piso, que podem acarretar sobrecarga na estrutura original, trincas ou perfurações, gerando patologias futuras como infiltrações.

Aspectos funcional: A presença da sacada no projeto, além do incentivo construtivo*, faz parte das estratégias funcionais do projeto e da obra. Assim como as varandas das casas, configura ambiente de transição entre o espaço interno e o externo, garantindo conforto ambiental ao interior da edificação. O problema está muitas vezes no tamanho muito reduzido das sacadas que acabam por não cumprir esse papel qualificador.

Aspecto estético: A coisa mais comum é passearmos pela cidade e repararmos nas fachadas dos edifícios todo tipo de fechamento de sacadas. É a consagração das empresas de esquadrias, com seus vidros verdes, azuis, reflexivos, janelas de abrir, de correr, camarão e por aí vai... e provavelmente fruto de algum concurso interno dos condomínio em busca da sacada mais bela, barata ou funcional. E aqui, defendendo nossa classe de arquitetos, engenheiros e projetistas. Poucos são os casos em que o direito autoral e a consulta ao autor do projeto são respeitados.

E por último, mas não menos importante, o aspecto social: Participando de reuniões de condomínio, grupos em redes sociais e conversas de corredor, estou para ver tema tão polêmico nas reuniões de condomínio, fato que expõe todo tipo de interesses, menos o interesse coletivo. Trago neste breve relato, aos profissionais, síndicos, administradores e condôminos, o desafio para que tenhamos as melhores sacadas (abertas ou fechadas) que pudermos projetar, e torná-las parte integrante de nossas vidas.

*No caso de projeto aprovados e obras licenciadas na lei 001/97 que vigorou de 1997 a 2013

Arq. André Lima
Studio Methafora
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