Especial dia do vizinho

Foto:Gustavo Stephan
A data 23 de Dezembro faz homenagem à figura social existente desde os primórdios da humanidade – o vizinho. A organização social, formada por grupos interdependentes, faz dessa relação um assunto mais antigo do que se imagina. Conflitos sempre existiram nessa convivência, mas as soluções para os problemas evoluíram.
Antes, vigorava a Lei de Talião: “olho por olho, dente por dente”. Hoje, nada melhor como um bom diálogo e, quem sabe, medidas inovadoras e úteis para quem lida, por exemplo, com a administração de um condomínio na missão de manter a boa convivência entre as pessoas no dia-a-dia. A equipe do Jornal dos Condomínios aproveitou a ocasião para saber como os vizinhos se tratam ultimamente. De gestões inovadoras a histórias curiosas e emocionantes.
Atritos entre vizinhos são comuns, isso porque são reunidos interesses, gostos e comportamentos totalmente diferentes dentro de um mesmo espaço físico. São típicas ocorrências: o barulho da furadeira, o cachorro que late, o vizinho que deixa de pagar o condomínio, o fumante ou aquele denominado antissocial. Tal realidade acaba afastando as pessoas umas das outras e, com o tempo, são deixados de lado, hábitos de cumprimentos sociais mais básicos, como: bom dia, boa tarde, como vai?
Estudiosos da psicologia enfatizam, no entanto, que a integração comunitária é ferramenta importante para reduzir os atritos entre vizinhos, pois o bom senso passa a prevalecer. “Quando um conhece o outro, há uma chance muito maior de agir com ele de forma compreensiva, mais tolerante e respeitosa”, diz o psicólogo Cristian Santini.
Para o psicólogo Dennis dos Reis, a existência de um relacionamento permite mais racionalidade no gerenciamento das divergências, já que a extinção delas é praticamente impossível. “A paz não é a ausência de conflito, é o equacionamento das tensões, a capacidade de resolver atritos”, esclarece.
Nesse contexto, a sorte do síndico - figura responsável pela organização condominial - é que existem métodos práticos que ajudam a amenizar os desentendimentos, tornando a vida entre os vizinhos mais agradável.
Alternativas
O síndico, como líder dentro de um condomínio, pode fomentar o caminho para que ocorra mais integração entre os moradores. Além das rotinas burocráticas, a gestão humanizada precisa ser trabalhada para se obter uma rotina mais harmoniosa.
Claudemir Basso, síndico do Residencial Dona Rosa, diz que os eventos organizados no condomínio estimulam o espírito comunitário. “Defendo a política da boa vizinhança. Problemas sempre vão existir, mas o nosso relacionamento é amigável e a tolerância funciona entre nós. Este ano fizemos vários eventos e a adesão de comparecimento ficou na faixa de 90% dos moradores. Na festa junina todos se vestiram de caipira. Foi divertido”, comemora. No Dia do Vizinho, o Residencial Dona Rosa terá uma saudação publicada no mural de recados em homenagem aos moradores.
Outra inovação pode ser conferida no condomínio Residencial Parque São Jorge, do bairro Itacorubi. Além de festas e confraternizações, os condôminos se agrupam para realizar viagens. No ano passado (2010), cerca de cinco casais com filhos viajaram juntos para Gramado-RS. De acordo com a síndica Fátima Rangel, a administração é tranquila e os vizinhos se tratam com respeito e cordialidade. “Quando aparece algum atrito, eu procuro atenuar os ânimos por meio do diálogo. Aqui os moradores são amigos e, por iniciativa deles, pedem autorização para divulgar festas no quadro de avisos”, explica.
No cargo de síndico há cinco meses, Dirceu Kobs, do Condomínio Ana Matilde, em São José, diz que as confraternizações não são muito comuns, mas planeja usar esse tipo de ferramenta na convivência. “Vale a pena investir na interação. Muita coisa pode ser resolvida. Pretendo aproveitar a assembleia de fim de ano para fazer um bufê com aperitivos e, quem sabe assim, ajudo no estreitamento de laços”.
O síndico do Residencial Caribe, do bairro Trindade, José Marcos Tesch, segue o mesmo caminho. Recém eleito no cargo, apresenta entusiasmo na gestão: “Acabei de chegar e estou organizando uma festa de fim de ano para toda a vizinhança do condomínio. A carta convite está afixada nos elevadores dos prédios. Como é possível conviver pacificamente com a comunidade mal sabendo o nome do vizinho? As pessoas nem se olham mais”, ressalta.
Histórias de vizinhos
Vizinho é uma figura muito importante na vida de cada um e, muitas vezes, quando menos esperamos, é ele a única pessoa que pode ajudar em momentos difíceis e imprevisíveis.
Quem não tem uma história de vizinho para contar?
A amizade mora ao lado
“Tenho uma vizinha chamada Camilla. Nos conhecemos há mais de dez anos e somos muito amigas, quase irmãs. Dentro desses dez anos passamos por inúmeras histórias juntas, momentos bons e outros nem tanto, mas o que mais me marcou foi assistir o parto do filho dela, o Miguel.Camilla me escolheu para assistir o parto. Para mim foi uma honra e, com certeza, o momento mais emocionante da minha vida, imagem que nunca mais vou esquecer! Quase todos os dias vou visitá-la. Dou banho no bebê, dou mamadeira, faço dormir. É um anjo. Sou completamente apaixonada por ele. Grande amiga! Torço muito por ela!”
“Tive uma experiência nada agradável com um dos meus vizinhos. Ele morava no apartamento de baixo, era também meu inquilino. Baladeiro, costumava conversar gritando de madrugada com a noiva. O tom da voz dele era extremamente estridente e perturbava o sono de todo mundo. Eu conversava bastante, pedia para que falasse mais baixo, mas não teve jeito. Não adiantaram as inúmeras tentativas de resolver o problema no diálogo. Ele era antissocial demais para viver do lado de alguém. Então decidi com o meu marido e fizemos pressão para ele entregar o apartamento e procurar outra morada. Finalmente ele se foi. Você acredita que depois ele perguntou se podia voltar? Não mesmo...!”
O mesmo ar que respiro
“Sou casada, moro com o meu marido e meus dois filhos, hoje adultos. Não me esqueço de um caso que vivi com a minha filha. Envolvia o meu vizinho... Chega a ser engraçado. Costumo contar essa história até hoje para os amigos.
Com os dois filhos pequenos, um casal, eu e meu marido, costumávamos passear com as crianças na Praia Mole, que fica no sul da ilha de Florianópolis. A praia era agradável. O único desconforto é que alguns escolhiam o nosso mesmo ambiente de lazer para fumar maconha, mas, fazer o quê? Não deixava de levar meus filhos lá por esse motivo. Então o odor passou a ser característico daquela praia. Todavia, esse ar nos perseguia...
Em casa, sempre me dei muito bem com os meus vizinhos e me considero até hoje sem problemas com ninguém. Um dos meus colegas de porta, professor universitário, fumava, frequentemente, maconha na área de serviço e o cheiro, inevitavelmente, era sentido forte dentro da minha casa.
Certo dia, eu estava na cozinha preparando o almoço. O vizinho fumava... Chega a minha filha, de cinco anos de idade, me surpreende, e diz: ?Mãe?! Que cheiro de praia mole!”
Saudades do meu vizinho
“Ela se foi, tão de repente... Senhora de idade, dona Ione adoeceu e morreu sem dar tempo de dizer adeus. Como síndica, sei um pouco de cada vizinho do prédio. Dona Ione, desde que chegou, conquistou todo mundo. Todos tinham afinidade com ela, inclusive eu. Éramos amigas.
Sempre de bom humor, estava sempre pronta para ajudar. Muito prestativa! Quando a gente se cumprimentava, ela buscava saber como estava a minha família, se estava tudo bem. Isso é raro hoje em dia. As pessoas precisam se preocupar mais umas com as outras.
Tínhamos muita interação uma com a outra. A gente costumava trocar o jornal do dia – quando ela terminava de ler, passava para mim. Depois conversávamos sobre algum tema interessante da leitura.
Amiga querida, se hospitalizou repentinamente em outra cidade. Jamais pensei que ela fosse partir dessa maneira. Ela sentia, às vezes, falta de apetite e comentava comigo, mas, no resto, aparentava boa saúde. Quando soube, não acreditei. Por meio dos familiares fiz chegar a ela uma carta com a oração da Serenidade. Foi a minha maneira de mandar o meu conforto a ela. Meu desejo de melhoras... Todavia, para o meu pesar, foi um adeus. Sinto muita falta dela.
Confira dicas da professora de etiqueta e turismóloga Isabel Cristina Scafuto:
Regras
- A Convenção e o Regimento Interno organizam a convivência e devem ser respeitados.
Elevadores
- Sem atropelos: ao entrar no elevador, aguarde as pessoas saírem primeiro.
- Não segure a porta enquanto conversa com alguém no corredor.
- Gestantes e idosos sempre têm a preferência.
Animais
- Bichos de estimação devem ser levados pela porta da garagem ou elevador de serviço.
- Na hora do passeio, é imprescindível levar consigo um saco para recolher as fezes do animal.
Festas
- Excesso de barulho na área de lazer provoca desavenças. Enquanto uns querem se divertir, outros desejam descansar. Para tanto, a Lei do silêncio não permite barulho a partir das 22h.
- No fim da festa, o ambiente deve ficar limpo e organizado.
Crianças - A responsabilidade de cuidar dos filhos é dos pais ou responsáveis. O porteiro cuida da portaria e nunca pode ser convocado para a função de babá.
- Elevador não é brinquedo: apertar diversos botões e pular dentro do equipamento pode danificá-lo e até causar acidentes.
Colaboradores
- Em condomínios, os colaboradores são orientados pelo síndico. Não cabe aos moradores chamar atenção ou determinar tarefas.
- A limpeza não é somente responsabilidade dos empregados. Todos devem contribuir para manter a higiene no prédio. Jogar lixo pela janela, nem pensar.
Assembleias - Hora certa: reunião tem horários definidos para início e término.
- Enquanto um fala o outro escuta. Aquele que costuma cortar os outros deve ser contido.
- Reunião tem pauta e não é lugar para conversas paralelas.
Lembre-se: Gentileza gera gentileza
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