Prédios nos circuitos do Carnaval adotam estratégias de segurança

- Foto: Raphael Muller / Ag. A TARDE
Colocação de tapumes e regras rígidas sobre circulação de visitantes estão entre as medidas
Os dias que antecedem o Carnaval em Salvador costumam ser marcados por euforia e expectativa. Mas, a poucos metros de onde os trios e a multidão vão festejar em alguns dias, há também preocupação e planejamento. Os condomínios e prédios localizados nas proximidades ou até dentro dos circuitos precisam estar preparados para um período de mudança no comportamento do condômino e uma explosão no fluxo de pessoas dentro e fora do edifício.
Por isso, síndicos e administradores já se movimentam e lançam mão de estratégias para organizar as dinâmicas no local e não serem pegos de surpresa em pleno Carnaval
Presidente do Sindicato de Habitação na Bahia (Secovi), Kelsor Fernandes faz o alerta: é preciso planejamento e programação para os dias de Carnaval nos condomínios. E não há um raio máximo de distância do circuito, o que vai definir o grau de preocupação e cuidado, além da localização, é o perfil dos moradores e do condomínio.
“O síndico não só pode, mas deve zelar pela segurança dos condôminos e pelo patrimônio do condomínio durante esses dias de festa. Ele é como se fosse o guardião do condomínio, então pode, inclusive, estabelecer regras rígidas de circulação nas áreas comuns, até porque ele é responsável direto por tudo que acontece no condomínio”, afirma Fernandes.
Segundo o presidente do Secovi, o síndico pode, por exemplo, proibir a circulação nas dependências do condomínio de moradores e visitantes usando determinadas vestimentas ou consumindo bebidas alcoólicas. Esse tipo de regra, explica Fernandes, não precisa necessariamente ser discutido em uma assembleia, “já que se trata de um período excepcional”.
“Desde que tenha bom senso, o síndico pode usar de suas delegações para instituir novas normas”, diz.
Em um dos condomínios geridos pelo síndico profissional Luiz Alexandre Santos, por exemplo, as vagas de garagem para visitantes são bloqueadas durante os dias de festa. Isso é informado em uma circular que deve ser enviada aos moradores na semana que antecede o Carnaval. E, no mesmo período, o síndico planeja se reunir com os colaboradores para passar todas as orientações sobre a rotina nos dias de folia.
Segundo Luiz Alexandre, esses preparativos já começam a ser planejados nos primeiros dias de janeiro, logo após serem resolvidas as pendências das festas de final de ano.
O síndico profissional Luiz Alexandre Santos | Foto: Denisse Salazar /AG. A TARDE
Lista com nome e RG
Uma das mudanças que será informada na circular é sobre o acesso ao condomínio. Luiz Alexandre conta que, para facilitar a entrada e saída durante os dias da festa, será solicitado uma lista com nome e RG dos visitantes de cada apartamento, para que eles tenham entrada liberada na portaria virtual, mas somente durante os sete dias de folia.
Luiz Alexandre é síndico de um edifício que fica localizado no Morro do Gato, um local a poucos metros do circuito Dodô (Barra-Ondina) e que serve de passagem para foliões. Ele lembra que em um dos últimos anos, durante um tumulto na rua, uma parte da fachada de vidro deste prédio foi quebrada. O susto e o prejuízo foram grandes, inclusive para a segurança dos moradores. “O condomínio acabou ficando exposto e tivemos que reforçar os seguranças, por isso agora protegemos toda a frente do prédio com tapumes para evitar algo parecido”, lembra o síndico profissional.
Quem também já providenciou tapumes para a fachada de dois dos prédios onde é síndico profissional foi Ary Cabral. O orçamento ficou em mais de R$ 1,2 mil para cada um deles. E, além disso, ainda terá o custo com a contratação de seguranças. De acordo com Cabral, enquanto em um desses edifícios essa despesa é custeada por taxa extra, no outro ela está incluída na previsão orçamentária do ano.
Os dois condomínios ficam localizados dentro do circuito Osmar (Campo Grande), mas tem perfis diferentes. “Um deles é quarto e sala e não tem uma área comum muito grande, então as pessoas não ficam muito nos apartamentos ou no prédio. A preocupação é mais com o fluxo intenso de entrada e saída. O outro tem apartamentos de 350 metros quadrados, com varandas imensas, privilegiadas, que funcionam como um camarote particular. Os moradores acabam recebendo muitos visitantes, aproveitando em suas unidades”, explica.
Histórias inusitadas
Para este condomínio de varandas que funcionam como camarotes particulares, o síndico desenvolveu uma estratégia para organizar o acesso: ele distribui dez pulseiras para visitantes por apartamento e por dia. Cada cor representa um dia de folia. Assim, ele consegue facilitar a liberação na portaria. Só que, mesmo com tanto preparativo, Cabral tem histórias inusitadas para contar. “Já tivemos pessoas fazendo necessidades na lixeira do condomínio, casais dando uns amassos nas escadas. As pessoas bebem muito e acabam perdendo a noção”, afirma.
Não faltam histórias também com os aluguéis por temporada durante os dias de Carnaval. Mas, de acordo com Cabral, os prédios que ficam localizados na Barra são os que costumam ter maior apelo para esta modalidade de locação. Nestes casos, a conduta do síndico é solicitar que o proprietário deixe na portaria a lista com nome e RG de todos os que se hospedarão no apartamento.
Sócios na MD Síndicos Profissionais e Administração de Condomínios, Ricardo Santana e Gilberto Marins também têm se preocupado com locação por temporada neste período. Por isso, um dos primeiros passos nos preparativos do Carnaval foi confirmar com os moradores se haveria esse tipo de hospedagem e, pelo menos até agora, eles revelam que não haverá.
A empresa administra um condomínio no final do circuito Dodô (Barra-Ondina). Lá, dois profissionais já foram contratados para realizar a vigilância durante os dias de Carnaval e a expectativa, segundo os síndicos, é que a portaria virtual facilite a dinâmica de acesso ao prédio.
“Em reunião, os próprios moradores nos pediram mais atenção durante os dias de Carnaval. Sinalizamos a empresa responsável pela portaria virtual e pela segurança, para que eles façam rondas mais frequentes no prédio, fiquem mais atentos, porque o fluxo na rua neste período aumenta muito”, conta Santana.
Santana e Marins são gestores condominiais | Foto: Shirley Stolze / Ag. A TARDE
Outra preocupação de Ricardo e Gilberto é com a possibilidade de haver algum problema nos equipamentos do condomínio em plena festa, quando as empresas terceirizadas têm funcionamento modificado e dificuldade para entrar no circuito. Por isso, eles já se preparam para fazer manutenções preventivas e verificar principalmente portões, câmeras e bomba hidráulica. Santana lembra ainda que a preocupação é repassada para os moradores, com pedidos para que aqueles que costumam viajar não esqueçam de desligar o fluxo de água, gás e retirar o máximo possível de eletrodomésticos da tomada.
Fonte: A Tarde
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