Síndica aluga quarto em hotel para porteiros por causa da greve

Luíza Helena Martins, síndica do Edifício Harmonia: pernoite aos funcionários para evitar que portaria ficasse vazia (Foto: Sara Ferrari/Veja SP)
Funcionários que aderiram à ideia compartilharam um quarto-apartamento no Hotel Bali, em Pinheiros
Com a ameaça de paralisação dos ônibus, metrô e trens em São Paulo nesta sexta-feira (28), a solução que a síndica Luíza Helena Martins encontrou para não deixar a portaria do prédio vazia foi alugar um quarto para os porteiros em um hotel da região. Quatro funcionários da equipe aderiram à ideia e compartilharam um pequeno apartamento de três camas de solteiro com TV, telefone, som, banheiro privativo e ar condicionado, no Hotel Bali, em Pinheiros.
“A greve é um direito. Então, ofereci a opção de não vir para quem quisesse e enxuguei a equipe. São sete funcionários, entre faxineiros e porteiros, mas com quatro montamos um esquema por causa da greve”, explica Luíza, responsável pelo Edifício Harmonia, na Vila Madalena, que abriga 48 apartamentos em 24 andares. “Se você não faz isso, quem vai para a portaria é o síndico. Só não pode ficar vazio, até por uma questão de segurança e responsabilidade do prédio”, complementa.
O quarto, que ficou alugado para as noites de quinta (27) e sexta (28), custa 130 reais a diária e é a opção mais confortável do estabelecimento. A ideia surgiu porque os funcionários moram na periferia e precisam do transporte público para ir ao serviço. Ivanildo Pereira Ramos, porteiro com oito anos de casa, demora entre duas e três horas para chegar em dias de semana. “A gente se acostuma. Moro no Jardim Ângela, Zona Sul, mas passo mais tempo aqui do que lá”.
Antes da proposta inusitada da síndica, debatida em conjunto, alguns funcionários se manifestaram dizendo que poderiam sair de casa às 2h da manhã para conseguir chegar ou que dariam um jeito de dormir no chão com colchões improvisados. A disposição tem uma explicação. “A gente trabalha aqui por amor, é uma equipe muito unida. Quando um fica doente, o outro cobre”, diz Ramos.
O comprometimento da equipe inspira Luíza a não terceirizar o serviço. “Tem funcionário com quase vinte anos de casa. Nem pensamos em terceirizar. Seria muito confuso. Aqui eles identificam morador por nome, sabe?”.
Matéria originalmente publicada em Veja Sp
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