A Defesa Civil de Florianópolis estima de que 2.000 pessoas foram atingidas pela passagem da frente fria neste domingo (12), que destelhou cerca de 500 imóveis. O Norte da Ilha foi a região mais afetada com o forte temporal, com registro de chuva de granizo. A estimativa do meteorologista Clóvis Corrêa, da Epagri/Ciram, é de que as rajadas de vento atingiram 80 km/h ou mais. E a tempestade causou ainda acidentes. No bairro Ingleses, o síndico do Edifício Estrela caiu do telhado do prédio de três andares. Ele está internado no Hospital Governador Celso Ramos em estado grave. No Santinho, dois irmãos também caíram do telhado de uma casa e um deles passou a madrugada hospitalizado. Os dois casos foram registrados no domingo.

O síndico Leonardo, que teve apenas o primeiro nome divulgado pelos vizinhos, subiu no telhado para arrumar algumas telhas que se deslocaram com a ventania. Ele estava incomodado com a infiltração em um dos cômodos do seu apartamento. “Ele assumiu a função de síndico há uma semana e subiu sem conversar com ninguém. Eu estava na janela do corredor quando escutei o barulho e os gritos de socorro”, conta o empresário Angelo Carrion, 65.

A vítima caiu de uma altura aproximada de 13 metros. O pedreiro Denilson Manoel Porfílio, 49, foi o primeiro a prestar socorro ao síndico. “Quando o avistei no telhado não acreditei. Ele perdeu o equilíbrio, bateu no fiação e caiu em pé sobre o muro, antes de ficar estirado na servidão Otília Silveira Santos. Ele estava consciente e passou a informação de um amigo, além da orientação para desligar o fogão. Ele também gritou por mais de uma hora até a chegada do Samu”, explica.

Segundo os vizinhos, ele teve fraturas nas pernas e nos braços. Ele foi submetido a cirurgias durante a noite de domingo, a madrugada de segunda-feira (13) e está em coma induzido. A vítima é natural de São Paulo e não tem familiares na região.

Irmãos despencam no Santinho

Os irmãos Tiago e Murilo do Rego também caíram do telhado da casa da família na Rua dos Tubarões, bairro Santinho. Tiago, 23, teve mais sorte e caiu sobre um guarda roupa. Já Murilo, 32, ficou preso entre uma parede e a estrutura do telhado. Ele passou a noite no Hospital Governador Celso Ramos e foi liberado na manhã desta segunda-feira (13). Os pais Juscenir e Rosalina do Rego passaram a noite em claro.

“O nosso problema foi o granizo. As pedras de gelo foram tão grandes que furaram o nosso telhado em todos os cômodos. Eles subiram para colocar as lonas doadas pela Defesa Civil quando aconteceu o acidente. Somente com telhas devemos gastar cerca de R$ 4.000”, lamenta o pai Juscenir, 59.

O diretor da Defesa Civil de Florianópolis, Luiz Eduardo Machado, informou que distribuiu 6.000 m² de lona. Ele informou que está fechando o levantamento e a prefeitura estuda se vai decretar o estado de emergência. “Se conseguirmos atingir os requisitos para a situação de emergência teremos um regime jurídico diferenciado para a aquisição de telhas para essas famílias”, explica o diretor.

Estragos pelos Ingleses

O empresário Denis Martins, 53, reside há 25 anos nos Ingleses e pela primeira vez a água invadiu a sua casa. Ele teve telhas quebradas pelo granizo e o sistema de drenagem não suportou a quantidade de água no curto espaço de tempo. “Tirei cinco baldes de água de dentro de casa. Foi um vento forte, com chuva e granizo que durou cerca de 10 minutos”, informa.

O comerciante Luit Tavares, 31, abriu há um mês o Biricas Bar. No domingo, ele estava com vários clientes quando a tempestade chegou e o clima gerou pânico. O telhado voou e o forro caiu para deixar a situação caótica. “Abriguei todos os clientes no escritório onde o forro é de gesso, mas a gritaria foi grande. Cheguei a receber dois motoqueiros e um motorista que pediram abrigo também”, recorda.

Restabelecimento total de energia nesta terça-feira (14)

O chefe da Divisão Técnica da Regional Celesc em Florianópolis, Adriano Luz, explica que a região chegou a ter 50 mil unidades consumidoras sem energia durante a tempestade. Ele destaca que dos 110 alimentadores, 15 foram abertos. “Estamos trabalhando com 15 equipes leves, sete caminhões e seis caminhões poda. Nesta segunda-feira à tarde ainda temos 3.000 unidades consumidoras sem energia”, conta.

Adriano informa que o sistema estará totalmente restabelecido nesta terça-feira (14). “Bairros dos Ingleses, Jurerê, Rio Vermelho, Santinho e Vargem Pequena devem ter a energia restabelecida nas próximas horas. No Pantanal e na Rússia, em Antônio Carlos, existem locais que não conseguimos chegar pela dificuldade da estrada. Em Águas Mornas, a energia já foi restabelecida para 700 unidades consumidoras. O problema é que ainda há muitos galhos sobre a rede”, esclarece.

Matéria originalmente publicada em NDOnline