RELIGIOSIDADE

Missas são realizadas em ruas, praças, escolas e até condomínios

  Se os fiéis não vão à igreja, a igreja vai até eles. Isso é o que está acontecendo em algumas regiões do Rio: missas são realizadas em ruas, praças,...
11 de outubro 2016 | Atualizado em 12 de julho 2024

 

Se os fiéis não vão à igreja, a igreja vai até eles. Isso é o que está acontecendo em algumas regiões do Rio: missas são realizadas em ruas, praças, escolas e até condomínios. O padre Luís Maurício Telles, por exemplo, realiza celebrações em calçadas da região da Gamboa, na Zona Portuária. Ele afirma que a iniciativa, que faz parte do projeto “Deus habita nosso bairro”, atrai quem tinha deixado de ir a templos católicos.

— Este mês, teremos missa na rua toda semana. É uma forma de criar uma relação de proximidade com a comunidade cristã. Fazemos um serviço missionário para que as pessoas possam se encontrar com Deus, seja onde for — disse o padre, da Igreja Sagrada Família, acrescentando que, recentemente, uma missa ao ar livre reuniu mais de cem fiéis.

É em meio ao vaivém de carros e pedestres que acontecem as celebrações. Entre os que estão passando, há aqueles que se juntam ao grupo, os que diminuem o ritmo do andar para fazer o sinal da cruz e quem vá embora sem dar maior atenção às orações e músicas entoadas em voz alta.

Sem se incomodar com o barulho do trânsito e dos bares próximos, todos os fiéis se concentram. O vento vira as páginas da Bíblia, mas nada interrompe a fé. Uma fila se forma para receber a hóstia ali mesmo, no meio da rua.

A professora Márcia Morgado decidiu parar para assistir à celebração.

— Saí do trabalho e estava louca para chegar em casa, mas achei melhor ouvir a palavra de Deus — disse Márcia.

Catequista, Maria das Graças Ozana se emociona na missa na Gamboa:

— Um dia, perto de um bar, os fregueses pararam de beber cerveja e jogar sinuca para acompanhar a celebração.

Em São Cristóvão também são realizadas missas nas ruas pelo padre Wellington Mendes, da Igreja Santo André. Os locais sempre são escolhidos em cima da hora, e a ideia é privilegiar os acessos a áreas pobres da região.

Padre Mendes afirmou que, com as missas nas ruas, quem havia deixado de ir à sua igreja voltou a frequentá-la.

— Nossa perspectiva é de evangelização e aproximação. Como disse o Papa Francisco: “Temos de ir ao encontro das ovelhas” — destacou o padre, acrescentando que o projeto ajuda a Igreja Católica a se tornar mais presente no dia a dia da população. — Precisamos despertar aqueles que estão fora dos templos, fazer o povo lembrar de sua fé. Na correria, as pessoas acabam se acostumando com a vida sem Deus.

Em Botafogo, é o padre Frank Franciscatto, da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, que conduz missas ao ar livre. Além das celebrações na Rua Lauro Müller, ele faz a liturgia em condomínios e na Escola Dom Cipriano.

Segundo o padre, as missas são acompanhadas por pessoas de todas as idades, e nem sempre são católicas:

— Um aluno da Dom Cipriano e a família sempre vão aos nossos cultos, mesmo sendo protestantes.

Assim como padre Mendes, Franciscatto lembrou o Papa para justificar a realização de missas nas ruas:

— Durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio, em 2013, ele aconselhou a igreja a ir ao encontro de fiéis. O conceito das missas fora dos templos é: quando as pessoas não vão à igreja por alguma razão, a gente vai até elas.

A iniciativa tem o apoio do arcebispo do Rio, cardeal dom Orani Tempesta:

— A missa de rua contempla grandes multidões e é uma maneira de aproximar a igreja das pessoas. Estava sendo notada quando acontecia no Centro, mas é importante sua celebração em várias regiões.

Matéria originalmente publicada em OGLOBO

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