Esportes e brincadeiras em condomínio vencem wi-fi liberado

O saguão com wifi liberado fica vazio na maior parte do tempo. No condomínio onde vivem 104 famílias, a preferência é pela quadra. Nem sempre foi assim, porém. Luiza Zaratini, uma das moradoras, conta que não sabia nem mesmo quem eram seus vizinhos.
“Com o passar do tempo e a internet, todo mundo parou de descer para brincar”. A adolescente de 16 anos mora no lugar desde os 2. A iniciativa de retomar as brincadeiras surgiu no ano passado. A mãe dela, Fabiane Zaratini, que é síndica do condomínio, se uniu a outros moradores e programaram uma agenda de atividades.
Segunda tem futebol, terça é de queimada, quarta e quinta mais futebol e sexta vôlei. “O objetivo foi utilizar as áreas do condomínio, integrar as crianças com os pais e com os vizinhos e tirar todo mundo do sofá”, Fabiane conta.
Para dar certo, foi preciso que todos participassem. “Quando as crianças desciam sem adultos, logo desistiam de brincar. Com o adulto elas ficam mais motivadas”, Fabiane explica e vai ao encontro do que dizem os especialistas.
“Os pais precisam estar juntos. O interesse das crianças é pelo que o adulto faz. Não basta dar uma bola, um lego. Precisa de interação”, nas palavras da pedagoga Bianca Correa.
Atenção!
Quando a tecnologia molda a rotina, é preciso mudança extrema. “Nem toda relação é nociva. Mas quando há sintomas de ansiedade, a pessoa não consegue dormir, comer, tocar a vida para estar na internet é preciso procurar ajuda”, explica a psicóloga Carmem Beatriz Neufeld.
O acompanhamento de um psicólogo, em alguns casos, pode ser essencial, mas mudar a rotina também é. Viviane Garnica Miotto também é moradora do condomínio e, com os filhos de 10 e 3 anos, frequentadora assídua das atividades. “Quando é dia de queimada, eles já chegam da escola ansiosos”, conta.
Na casa dela, tecnologia não tem muito lugar. “Nós temos acesso à internet, mas com limites. E eu não preciso mandar parar. Eles mesmo já sabem”, diz.
Além do esporte, os moradores organizam festas temáticas, dias na piscina, programação de férias. “Para mim, a solução está aí: mostrar que existem outras formas de diversão. É bom para os pais e para as crianças”, Viviane diz.
“Assim como as gerações mais antigas têm dificuldade de agir no meio digital, as novas gerações, que têm mais experiências com o digital, precisam aprender a interação com as pessoas”, a psicóloga Carmem complementa.
Para ela, não há vencedores entre esses dois mundos complementares. “Nenhum é melhor do que o outro. O surgimento do digital deveria ser uma possibilidade a mais. Uma relação não deveria substituir a outra. Elas devem coexistir”.
Se você gostou do conteúdo, não esqueça de compartilhar:
Está procurando Fornecedores?
Aqui você encontra
Todos os direitos protegidos e reservados | Faça contato com a Redação
Deixe o seu comentário
Nenhum comentário registrado