Um problema de segurança pública registrado no Rio de Janeiro, agora está se reproduzindo em Santa Catarina. Criminosos invadiram apartamentos do programa ‘Minha Casa Minha Vida’ e expulsaram as famílias que tinham direito ao imóvel.

Os moradores de um condomínio em Criciúma, no sul de Santa Catarina, viraram reféns do medo e da violência. Bandidos ameaçam as famílias e tentam se apoderar dos apartamentos.

“Eles foram até o meu apartamento me ameaçar dizendo que iam tacar fogo, tanto em mim, quanto na minha família”, contou um morador que preferiu não se identificar.

“Teve várias famílias que ‘foi expulsa’ dos ‘apartamento’ e várias que foram agredidos e ‘ameaçado’ de morte”, contou uma moradora que preferiu não se identificar.

Uma moradora foi parar no hospital - em coma - depois de ter sido espancada por criminosos.

“Nove pessoas avançaram nela, quebraram a cara dela todinha. A cara dela ficou transformada”, disse uma mulher que preferiu permanecer anônima.

A invasão se repete em outro condomínio em Blumenau, no Vale do Itajaí.

“E aqui, a gente sai pra trabalhar, a gente não sabe se a casa da gente vai tá inteira. A gente não sabe se a casa da gente vai tá invadida”, afirmou um outro morador.

De acordo com os moradores, depois de instalados, os bandidos recrutam até crianças do condomínio para o tráfico de drogas.

“Ali eles ‘vende’ ali fumo, pedra, cocaína, tudo, eles ‘pega’ e vende ali também, né”, contou uma mulher.

A polícia afirmou que os bandidos invasores são de um grupo criminoso que atua dentro e fora das penitenciárias catarinenses. O condomínio de Criciúma ganhou até um apelido.

“Chegou a um ponto de ser apelidado de Carandiru por conta do número de criminosos que saem do sistema penal catarinense e se alojam lá. Eles estavam controlando o condomínio, expulsando moradores dos seus apartamentos, tomando conta desses apartamentos, alugando, vendendo. Nós temos gravações de criminosos negociando os apartamentos”, declarou o delegado de polícia Antônio Campos Neves.

Compradora: ‘Tu quer’ quanto ali?
Traficante: R$ 2,5 mil. Daí tu vai ter que ir pagando só por mês a taxa, R$ 100 do condomínio e R$ 90 do apartamento. R$ 190, R$ 200 ‘pila’ por mês tu vai ter que pagar, só.

De acordo com a polícia, o grupo criminoso por trás das invasões é o mesmo que ordenou três ondas de atentados contra ônibus e bases policiais em Santa Catarina.

A situação em Criciúma levou a prefeitura, a Caixa Econômica e a Polícia Civil a organizar uma força tarefa para retomar os apartamentos dos criminosos.

A polícia prendeu dez bandidos no condomínio. A prefeitura fez um pente fino para saber quem estava em situação irregular. Dos 270 apartamentos do condomínio, 42 não estavam nas mãos de seus verdadeiros donos.
Um homem mostrado no vídeo ainda aguarda a hora de voltar para casa.

Sobre a situação em Blumenau, a Polícia Civil afirmou que há um ano está investigando a atuação do grupo criminoso no condomínio. E que, no ano passado prendeu 11 pessoas.

A Caixa Econômica Federal declarou que todas as denúncias de práticas ilícitas nos programas habitacionais da União são encaminhadas diretamente ao Ministério da Justiça.

Delegacia do RJ faz operação em condomínios do 'Minha Casa Minha Vida'

O Jornal Nacional já mostrou um caso parecido, na cidade do Rio de Janeiro. Vamos ver como ficou. No dia 23 de julho, traficantes foram flagrados em um terreno ao lado do condomínio Minha Casa Minha Vida, em Guadalupe, no subúrbio. Eles montaram uma espécie de sala de estar, com sofá, cadeira e armas. De lá, controlavam quem entrava e quem saía. Segundo os moradores, os traficantes expulsaram 40 famílias. Dias depois, a polícia prendeu três pessoas com pistolas, radiotransmissores e drogas.

A primeira invasão foi em novembro de 2014, antes de o condomínio ser entregue aos moradores. Na época, a polícia disse que foi uma ação comandada por traficantes e retirou os invasores.

Na última sexta-feira, a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado do Rio fez uma operação em todos os condomínios do Minha Casa Minha Vida, inclusive em Guadalupe. Quatro pessoas foram presas.